Folha de S. Paulo


Para presidente da Câmara, 'não há espaço' para discutir impeachment

Responsável por avaliar se um pedido de impeachment de um presidente da República é arquivado ou encaminhado aos parlamentares, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quarta-feira (11) que "não há espaço" para discutir a saída de Dilma Rousseff.

"Eu sempre fui muito claro em relação a esse assunto [pedido de impeachment de Dilma] e vou continuar sendo. Não vejo espaço para isso. Não concordo com esse tipo de discussão e não terá meu apoiamento", afirmou o peemedebista.

Cunha, um dos principais líderes do PMDB que tem o vice-presidente, Michel Temer, defendeu a legitimidade do governo da petista. Ele afirmou que dificuldades iniciais de um mandato não podem justificar uma saída pelo comando do país.

"Existe diferença muito grande de você ter qualquer tipo de divergência ou forma de atuar com independência. O governo está legitimamente eleito. Não dá para você no início do mandato ter esse tipo de tratamento desse processo", afirmou.

Deputados e senadores da oposição vão participar de protestos de 15 de março pedindo o impeachment de Dilma.

Nos últimos dias, líderes oposicionistas têm defendido que as medidas impopulares adotadas pela petista –como aumento da gasolina e a alterações em direitos trabalhistas e previdenciários–, o escândalo de corrupção na Petrobras e a queda significativa da popularidade da presidente, registrada pela Datafolha no fim de semana, justificam o debate sobre o impeachment.

AÉCIO NEVES

O senador tucano Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, afirmou que o impeachment não está na pauta da sigla. Apesar disso, defende os tucanos que têm abordado o assunto. "Não é crime falar", afirmou à Folha. "Desconhecer que há um sentimento de tamanha indignação na sociedade é desconhecer a realidade."

A análise foi feita pelo tucano um dia depois de o líder de seu partido no Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), bater boca com o petista Lindbergh Farias (RJ) no plenário. A confusão começou após Cunha Lima sustentar que a discussão sobre é legítima, o que provocou a irritação de Lindbergh.

"Não está na pauta do nosso partido, mas não é crime falar sobre o assunto, como fez o senador Cássio Cunha Lima", defendeu Aécio.

Aécio disse ainda que não vê "hoje elementos jurídicos ou políticos para um pedido de impeachment". Mas avalia que a situação tende a piorar, pela instabilidade das relações no Congresso e o escândalo da Petrobras.

TRÂMITE

Para ser aprovado na Câmara, um pedido de impeachment tem que passar por comissão e ainda receber o apoio de 342 dos 513 deputados.

Na sequência, o processo segue para o Senado, onde precisará de apoio de 54 dos 81 senadores. Após chegar ao Senado, o pedido precisa ocorrer em até 180 dias, período pelo qual o presidente fica afastado do cargo.


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