O arquivamento dos inquéritos contra o deputado Rodrigo Garcia (DEM-SP) e o suplente de senador José Aníbal (PSDB-SP) abriu caminho para que ambos voltem ao primeiro escalão do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Os dois eram alvo de acusações de participação num esquema de pagamento de propinas e fraude em licitações de trens e metrô no Estado, o cartel denunciado pela Siemens e revelado pela Folha em 2013.
Nesta terça-feira (10), a Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que não há provas do envolvimento de Garcia e Aníbal e determinou o arquivamento de dez inquéritos que foram abertos contra eles.
A decisão foi celebrada no Palácio dos Bandeirantes e vista como um "salvo-conduto" para que os dois voltem a atuar no governo paulista. Até o fim do ano passado, Aníbal era secretário de Energia e, Garcia, de Desenvolvimento Econômico.
Agora, o deputado do DEM deve assumir a Secretaria de Habitação, hoje sob o comando de Nelson Baeta, indicado por ele para o cargo.
O destino de Aníbal ainda é incerto. No Bandeirantes, há quem aposte em sua ida para a Cultura e quem diga que ele está cotado para assumir a Subsecretaria de Assuntos Internacionais.
Em nota, Aníbal disse receber com "naturalidade" a notícia do arquivamento dos inquéritos no STF. "A denúncia, ancorada em citações de um documento apócrifo, falso, jamais teve qualquer sustentação factual", disse.
Aníbal disse agora quer saber quem incluiu seu nome no escândalo do cartel dos trens, no que chama de uma "fraude processual e documental". "Quero saber quem arquitetou essa fraude contra mim".
Ele disse que entrará com ação contra o ministro José Eduardo Cardoso (Justiça), Simão Pedro, secretário da Prefeitura de São Paulo e ex-deputado estadual pelo PT, e Everton Rheinheimer, ex-diretor da Siemens, para que eles sejam investigados por um crime chamado no jargão jurídico de denunciação caluniosa –quando alguém usa a máquina do Estado numa apuração contra alguém que já se sabia de antemão ser inocente.