Folha de S. Paulo


PT não aceita o estigma da corrupção, diz presidente do partido

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, criticou a maneira como o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, foi conduzido nesta quinta-feira (5) pela Polícia Federal para prestar depoimento sobre eventuais doações feitas à legenda por empresas investigadas pela Operação Lava Jato.

O petista afirmou que o episódio faz parte de uma campanha para desestabilizar a sigla e disse estranhar a coincidência do tesoureiro ter sido conduzido à sede da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo às vésperas do aniversário de 35 anos do PT.

Segundo o dirigente da sigla, há uma tentativa de "criminalizar o partido" com denúncias falsas.

"Não aceitamos o estigma da corrupção", disse. Falcão acrescentou que Vaccari, "nunca pôs dinheiro no bolso".

Apu Gomes - 27.out.2014/Folhapress
Rui Falcão, presidente do PT, durante coletiva de imprensa no diretório do partido em São Paulo
Rui Falcão, presidente do PT, durante coletiva de imprensa no diretório do partido em São Paulo

Falcão afirmou que não perguntou ao tesoureiro sobre o suposto recebimento de 50 milhões de dólares em propina. "Eu não pergunto isso a ele porque seria ofender a honra de um companheiro que eu tenho confiança que nunca pôs dinheiro no bolso".

O presidente do PT salientou que Vaccari "sequer foi indiciado".

O petista participou nesta quinta-feira (5) de encontro fechado com o comando estadual do PT de Minas Gerais. Na reunião, ele afirmou que o tesoureiro "é o único exposto" na Operação Lava Jato".

Segundo a Folha apurou, Falcão afirmou no encontro que a mídia, o judiciário e a oposição compõem um triângulo para prejudicar o partido.

Ele conclamou o partido a se defender da oposição, afirmando que as empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato fizeram as grandes obras de Minas Gerais, estado que foi governado até o ano passado por um aliado do senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Ele admitiu que o momento é delicado.

"O cenário não é bom", reconheceu, segundo participantes da reunião.

Antes de entrar na reunião, Falcão minimizou o impacto da operação da Polícia Federal no humor dos petistas.

"Não há intranquilidade", afirmou, alegando que as acusações serão desmentidas pelos fatos.

Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul, disse que existe uma "conspiração" em favor do impeachment.

Pela primeira vez desde que foi eleito presidente, Lula vai participar da reunião do diretório do partido, que antecede a comemoração do aniversário da sigla, marcada para a noite.

Incomodado com o momento político e com os ataques ao PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou seus aliados, segundo a Folha apurou, a trabalhar por sua candidatura à Presidência em 2018, desde que o movimento não seja atribuído a ele. A articulação seria uma tentativa de fortalecer o partido num momento em que o governo Dilma é acusado de omissão na defesa do PT.


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