Folha de S. Paulo


Ex-gerente da Petrobras diz que levou US$ 1 milhão em propina da Odebrecht

O ex-gerente executivo de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco afirmou à Polícia Federal em sua delação premiada que recebeu cerca de US$ 1 milhão de propina da Odebrecht por meio de contas no Panamá.

Até o momento, a Odebrecht não teve nenhum executivo preso. O ex-diretor Paulo Roberto Costa já havia dito ter recebido US$ 23 milhões de propina da empresa. A Odebrecht também tem sido citada como uma das participantes do cartel de empreiteiras que atuava na Petrobras.

Barusco afirmou que a Odebrecht transferiu US$ 916.697,00 entre maio a setembro de 2009 para uma conta no Panamá de propriedade da offshore Constructora Internacional del Sur SA e que, de lá, o dinheiro foi transferido para uma conta do próprio Barusco, também no Panamá.

De acordo com ele, a propina também contemplava o ex-diretor de Serviços, Renato Duque, a quem era subordinado.

Segundo sua delação premiada, a empresa firmou, isoladamente ou em consórcio, nove contratos com a Petrobras, sendo cinco na área de gás e energia, três na área de abastecimento e uma na área de exploração e produção, no valor aproximado total de R$ 8,6 bilhões. "Nesses contratos o declarante afirma que houve o pagamento de propinas", diz trecho da delação.

O "operador no pagamento das propinas relacionadas a contratos firmados pela empresa" era Rogério Araújo, então diretor da Odebrecht, segundo Barusco. "O declarante [Barusco] mantinha contato direto com Rogério, pois o recebia com frequência por encontros de trabalhos e às vezes almoçava com ele, com quem também tinha amizade e inclusive já viajou com o mesmo", diz a delação.

Ainda sobre a empresa, Barusco afirmou que ela era "'jogo duro', pois não concordava com o pagamento de propinas em determinados contratos".

OUTRO LADO

Procurada, a Odebrecht nega propina e afirma que não possui relação com a empresa Constructora Internacional del Sur.

Em nota, diz que "nega veementemente as alegações caluniosas feitas pelo réu confesso. Nega em especial ter feito qualquer pagamento a qualquer executivo ou ex-executivo da Petrobras. A empresa não participa e nunca participou de nenhum tipo de cartel e reafirma que todos os contratos que mantém, há décadas, com a estatal, foram obtidos por meio de processos de seleção e concorrência que seguiram a legislação vigente".

Quando foi acusada de pagar propina a Costa, a empresa negou realizar essa prática.


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