Folha de S. Paulo


Secretário de Alckmin critica 'Charlie Hebdo' e diz: 'eu também sou Maomé'

O novo secretário de Justiça de São Paulo, Aloisio de Toledo Cesar, criticou neste domingo (18) os cartunistas franceses do jornal "Charlie Hebdo" e avaliou que eles fizeram "mau uso da liberdade de expressão".

Em edição histórica, publicada na semana passada, o periódico satírico publicou na capa uma caricatura do profeta Maomé chorando e segurando um cartaz em que se lê "Je suis Charlie" (Eu sou Charlie), o que foi considerado provocativo por líderes islâmicos.

A frase virou símbolo de defesa à liberdade de expressão na França depois do ataque terrorista na sede da publicação de humor, que deixou doze mortos, cinco deles cartunistas.

Apu Gomes - 1.jan.2015/Folhapress
Aloisio de Toledo Cesar na cerimônia de posse de Geraldo Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes
Aloisio de Toledo Cesar na cerimônia de posse de Geraldo Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes

"Não posso deixar de externar a minha mais profunda indignação ao mau uso da liberdade de expressão dos cartunistas franceses, que já provocaram mortes e insistem em dar chicotadas nos muçulmanos, desafiando-os e, quem sabe, até dando risadas disso", escreveu o secretário em seu Facebook.

Para o também desembargador, ao publicar novas charges, os cartunistas franceses negam o direito do homem de poder exercer livre escolha de sua religião. Segundo ele, "humilhar provocativamente os muçulmanos equivale a instigá-los e a desafiá-los."

"Essa torpe atitude soa quase como uma declaração de guerra. Será isso exercício do livre direito de expressão ou uma leviandade que envergonha a espécie homo sapiens?", questionou.

No final do texto, o secretário de Alckmin disse ser solidário ao muçulmanos que condenam a violência.

"Posso dizer, inconformado com o mau uso da liberdade de expressão pelos franceses referidos, que eu também sou Maomé", finalizou.

Na semana passada, o Papa Francisco afirmou que a liberdade de expressão tem seus limites e que ela não pode provocar ou ofender a religião. A declaração foi criticada por defensores do jornal satírico.

Confira a íntegra da mensagem:

"Não posso deixar de externar a minha mais profunda indignação ao mau uso da liberdade de expressão dos cartunistas franceses, que já provocaram mortes e insistem em dar chicotadas nos muçulmanos, desafiando-os e, quem sabe, até dando risadas disso.

Afetados pela vaidade de demonstrar talento, com essa conduta negam o precioso direito de cada homem de poder exercer livre escolha de sua religião e de seu Deus. Humilhar provocativamente os muçulmanos equivale a instigá-los e a desafiá-los, enfim, essa torpe atitude soa quase como uma declaração de guerra.

Será isso exercício do livre direito de expressão ou uma leviandade que envergonha a espécie homo sapiens?

Neste momento, como católico, como cristão, externo a minha mais integral solidariedade as milhões de muçulmanos que praticam resignados a sua religião e até mesmo condenam a violência daqueles que optam pela violência. Posso dizer, inconformado com o mau uso da liberdade de expressão pelos franceses referidos, que EU TAMBÉM SOU MAOMÉ."


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