Folha de S. Paulo


Governadores deixam dívida de R$ 7,4 bi a seus opositores

Oito governadores de oposição que assumiram neste mês as administrações estaduais herdaram mais de R$ 7,4 bilhões em dívidas deixadas pelos antecessores.

Contas com saldos exíguos –e até negativos– e servidores sem ter recebido os pagamentos de dezembro passado formam o cenário encontrado por parte dos governantes, e muitos deles terão que recorrer a repasses federais para honrar os primeiros compromissos.

Os dados foram divulgados por metade dos 16 novos governadores que tomaram posse no dia 1° –13 deles se elegeram fazendo oposição aos mandatários que estavam no poder até 2014.

O levantamento não incluiu os 11 governadores reeleitos em outubro passado.

A situação financeira mais grave é a que Rodrigo Rollemberg (PSB) afirma ter encontrado no Distrito Federal.

As dívidas de pelo menos R$ 3,1 bilhões deixadas pelo antecessor, Agnelo Queiroz (PT), fizeram com que o novo governo pedisse ao Ministério da Fazenda a antecipação de R$ 400 milhões do fundo constitucional para ajudar a pagar a folha de pagamento da saúde, educação e segurança pública.

Aliados do petista dizem que o ex-governador deixou R$ 1,4 bilhão em caixa, e não os R$ 64,2 mil que a atual gestão afirma ter encontrado.

"Estão tentando criar uma imagem de caos, para daqui três meses as coisas entrarem em ordem e eles dizerem que salvaram Brasília", diz o deputado distrital Chico Vigilante, líder do governo Agnelo na Câmara Legislativa do DF.

No Maranhão, a equipe de Flávio Dino (PC do B) divulgou nesta sexta (9) que a dívida deixada por Roseana Sarney (PMDB) supera R$ 1 bilhão e anunciou o contingenciamento de 30% das despesas de custeio para tentar economizar R$ 800 milhões neste ano.

Essa cifra, no entanto, é menor do que os pagamentos que o governo terá que fazer neste mês, de R$ 893 milhões.

SUSPENSÃO

O primeiro decreto do novo governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), determinou a suspensão de pagamentos pendentes da gestão Tarso Genro (PT) por seis meses.

Eles somariam R$ 700 milhões segundo os dados preliminares que haviam sido divulgados pela equipe do peemedebista. Também foram limitados os gastos com passagens e diárias de servidores.

A moratória de seis meses no pagamento de dívidas do antecessor também foi anunciada por Suely Campos (PP), de Roraima.

No Tocantins, as heranças que o governador Marcelo Miranda (PMDB) reclama ter recebido de Sandoval Cardoso (PT) foram o pagamento de R$ 268 milhões da folha de dezembro e um saldo negativo em R$ 11 milhões na conta do tesouro estadual.

A situação levou o secretário de Articulação Política, Paulo Sidnei, a já anunciar um cronograma de atrasos na remuneração dos servidores para os próximos meses.

O pagamento de dezembro deverá ser concluído até a próxima terça (13); a folha de janeiro será paga até 13 de fevereiro; e a de março, no dia 13 de abril.

SITUAÇÃO

Entre os governos que não informaram as despesas herdadas dos antecessores estão os de Bahia, Ceará e Pernambuco, Estados onde a eleição foi vencida pelo grupo político da situação.

O governo pernambucano, de Paulo Câmara (PSB), disse que os restos a pagar de 2014 ainda estão sendo contabilizados, mas afirmou que o Estado compre a Lei de Responsabilidade Fiscal e "está com as contas saneadas".


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