Folha de S. Paulo


Dino vai rever edital de Roseana que previa compra de bacalhau no MA

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), decidiu analisar uma licitação que previa, entre outros itens, a compra de 150 quilos de bacalhau e mais de meia tonelada de patinhas de caranguejo para abastecer as residências oficiais do Estado.

O pregão foi realizado em 2 de dezembro do ano passado, no final da gestão de Roseana Sarney (PMDB). Em nota, o governo atual disse que toda a concorrência, inclusive a escolha dos produtos, havia sido feita pela peemedebista.

A compra ainda não foi suspensa. O processo está na Casa Civil aguardando homologação. Segundo a assessoria de Dino, a licitação será analisada, e o governo decidirá se vai cancelar todo o contrato ou se apenas irá cortar os itens que forem considerados excessivos.

Sérgio Lima/Folhapress
O governador do Maranhão, Flávio Dino, durante entrevista
O governador do Maranhão, Flávio Dino, durante entrevista

O governo Roseana previu gastar até R$ 745 mil para abastecer as residências oficiais – o Palácio dos Leões, a casa de veraneio e a residência do vice-governador – pelo período de um ano.

Entre os itens dos lotes estão 150 quilos de "bacalhau do porto de primeira qualidade", avaliados em R$ 13.849,50, e 550 quilos de patinha de caranguejo fresca, por R$ 37.493,50. Há ainda meia tonelada de pescada amarela fresca, com valor total estimado em R$ 29.835,00.

Enquanto isso, funcionários do Palácio dos Leões têm levado marmita para se alimentar no trabalho. O último pregão realizado por Roseana para o fornecimento de 48 mil quentinhas e 18 mil refeições prontas para os funcionários foi feito em 2012. O gasto máximo previsto, na ocasião, era de R$ 944,2 mil reais.

LAGOSTAS

Em janeiro de 2014, no ápice da crise no sistema penitenciário, com ataques de facções criminosas a ônibus, a Folha revelou que a gestão Roseana havia lançado dois editais para abastecer o Palácio dos Leões e a casa de veraneio do Estado por R$ 2,3 milhões.

Na lista havia itens como 80 kg de lagosta e garrafas de uísque escocês –os pregões foram cancelados após a divulgação.

Em entrevista à Folha um dia depois de ter sido eleito, em outubro passado, Dino prometeu dar fim aos "gastos suntuosos da oligarquia". "Eu não vou comprar lagosta com dinheiro público. Se um dia eu quiser comer lagosta, compro com meu dinheiro", disse.

Ao tomar posse na última quinta-feira (1º), ele assinou um decreto instituindo uma comissão para vender a casa de veraneio do governo do Estado e determinando que o dinheiro obtido com o negócio seja destinado à Secretaria da Saúde para o tratamento de pacientes com câncer.


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