Folha de S. Paulo


Após 12 anos de comando tucano em MG, petista assume o poder no Estado

O petista Fernando Pimentel, 63, toma posse como governador de Minas Gerais nesta quinta-feira (1º) após ter desbancado do poder o grupo político do PSDB, que ficou 12 anos no comando do Estado.

Será a primeira vez que o PT ocupará o mais alto posto político em Minas, Estado onde os tucanos –liderado pelo senador Aécio Neves– sofreram dupla derrota em outubro.

A incursão petista, porém, começa cercada de preocupação com as dificuldades econômicas e financeiras do Estado e com os reflexos que isso poderá ter na construção de uma base política e social sólidas para garantir a governabilidade. A solenidade em BH está agendada para as 9h.

Para analistas políticos, a construção dessa base pode até ficar refém do orçamento fiscal, porque durante a campanha eleitoral Pimentel buscou apoio de categorias profissionais e prefeitos mediante promessas com custos financeiros.

Aos professores, por exemplo, ele prometeu pagar o piso nacional de salários. Prometeu ainda reestruturar as carreiras na Polícia Civil e regionalizar o atendimento aos municípios, de forma a levar desenvolvimento para todo o Estado.

Para o sociólogo Rudá Ricci, do Instituto Cultiva, Pimentel tem "fôlego meio curto" para organizar suas relações com a sociedade.

"Principalmente com as organizações corporativas e os municípios, que estão sem dinheiro. Só que, com o fôlego curto, se ele não tiver dinheiro, a conversa acaba em um mês", disse Rudá, cujo instituto busca promover a participação social na gestão pública.

No Legislativo, com histórico pragmático, ele não deverá ter problemas.

Já o cientista político Malco Camargo, da PUC-MG, diz que, após Pimentel prometer fazer um governo de mudança, passado o pouco tempo de lua de mel, as pessoas vão cobrar a execução de políticas públicas e as promessas de campanha.

"Ele [Pimentel] tem propostas ousadas do ponto de vista da gestão que envolve orçamento. Se ele não der respostas a isso em médio prazo, pode perder essa capacidade de ser vitrine [do PT]", disse.

Camargo cita o fato de Pimentel passar a ser a principal referência do PT nacional, porque governará o segundo colégio eleitoral e uma das primeiras economias do país.

Para o deputado Durval Angelo (PT), negociador do novo governador na Assembleia Legislativa, "um dos fatores da vitória [petista] é que o Estado está quebrado e sucateado nas áreas de saúde, segurança e educação". Os tucanos negam e dizem que a situação financeira de Minas é muito boa.

AJUDA FEDERAL

Pimentel já declarou que conta com ajuda da sua amiga e presidente Dilma Rousseff para governar. Mas os analistas veem dificuldades neste momento.

"Com a crise da Petrobras, a margem de negociação da Dilma, inclusive de manejo do orçamento, diminui. O preço dos deputados está aumentando muito e ela vai ter que aumentar logo as emendas parlamentares. Isso vai esvaziar ainda mais o orçamento", disse Rudá.


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