Folha de S. Paulo


Economista assume governo de PE e promete 'modelo Campos de gestão'

Indicado por Eduardo Campos (1965-20014) e impulsionado durante a campanha pela comoção causada pela morte do então presidenciável, o economista Paulo Câmara (PSB) toma posse nesta quinta-feira (1º) como governador de Pernambuco.

Será o terceiro governo seguido do partido no Estado, e os nomes do primeiro escalão indicam a continuidade dos dois mandatos de seu padrinho político.

Mais da metade dos 22 secretários já ocupou pastas nos governos de Campos. Alguns deles foram remanejados de função, como Antônio Figueira, da Casa Civil, ex-titular da Saúde.

Apesar de ter desmembrado algumas pastas e fundido outras, o pessebista manteve o número de secretarias instituído por Campos em uma reforma realizada no final de 2013 –antes eram 28.

"O modelo de gestão que Eduardo implantou está reforçado", disse Câmara durante o anúncio do secretariado, no último dia 15.

A menção ao ex-governador remete ao tom adotado durante toda sua campanha.

Desconhecido do eleitorado, ele tinha apenas 13% das intenções na primeira pesquisa Datafolha, em agosto. Apoiado pelo PT, o petebista Armando Monteiro aparecia com 47% na ocasião.

Após a morte de Campos, Câmara investiu na imagem de herdeiro do legado do ex-governador. A viúva, Renata Campos, gravou para seu programa eleitoral, e os filhos dele participaram de comícios.

"Não tinha me preparado para governar Pernambuco sem ter Eduardo ao meu lado, e agora vou me preparar", disse ele, na reta final da campanha, dando munição aos rivais, que o acusavam de inexperiência política.

Os ataques não surtiram efeito, e ele foi eleito com 68% dos votos, ainda no primeiro turno.

ATRITO NA BASE

Na montagem do secretariado, Câmara se indispôs com o senador eleito em sua chapa, Fernando Bezerra Coelho (PSB), que reclamou publicamente por não ter sido consultado sobre a estrutura do novo governo.

Ele disse ter sido chamado apenas a indicar um quadro técnico para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, mas o governador, depois de acatar inicialmente a sua sugestão, acabou optando por um outro nome.

Questionado sobre as reclamações de Bezerra, durante o anúncio do secretariado, Câmara respondeu que quem decide sobre a equipe é ele.

No evento, também estabeleceu uma meta de corte de 20% nos gastos com cargos comissionados, para manter a capacidade de investimentos do Estado.

Além do enxugamento de despesas, o novo governo terá como desafios promessas de campanha como dobrar o salário dos professores da rede estadual, erguer ao menos uma escola de tempo integral em cada um dos 185 municípios e construir quatro novos hospitais e 20 mil moradias.


Endereço da página:

Links no texto: