Folha de S. Paulo


Governador do RS inicia 2015 com quebra-cabeça para acomodar aliados

O peemedebista José Ivo Sartori toma posse nesta quinta-feira (1º) como governador do Rio Grande do Sul pressionado pela crise nas contas estaduais e em meio a um quebra-cabeça para acomodar aliados no governo.

Antes mesmo de assumir o Estado, integrantes do novo governo fizeram críticas ao legado da gestão do petista Tarso Genro, que perdeu a reeleição no segundo turno. Como medida emergencial para conter gastos, Sartori anunciou a redução do número de secretarias, extinguindo projetos pessoais de Tarso, como a pasta de um "conselho" para debates com organizações da sociedade civil.

"Sabíamos que a realidade financeira seria difícil, mas não tanto", disse Sartori ao anunciar o secretariado, em dezembro. A cerimônia de posse em Porto Alegre está prevista para começar às 15h.

O Estado é atualmente o mais endividado do país e precisa destinar 13% de suas receitas líquidas à União para quitar antigos débitos. A mudança do indexador da dívida, aprovada no Congresso em novembro, foi festejada pela equipe que sai da administração estadual e pela que assume agora, mas não terá efeitos imediatos.

Atualmente, o Rio Grande do Sul gasta mais com aposentados e pensionistas do que com servidores da ativa.

O novo governador terá ainda de honrar uma série de reajustes ao funcionalismo já acertados pelo governo petista. Tarso usou recursos de depósitos judiciais para fechar as contas ao longo do mandato.

No campo político, Sartori teve durante o período de transição muito trabalho para satisfazer os aliados na distribuição de cargos. Ao apoio de 19 siglas que ele recebeu no segundo turno, houve o acréscimo do PDT, partido que tem a segunda maior bancada na Assembleia e que já ocupou o poder no Estado.

MAIORIA NA ASSEMBLEIA

Os pedetistas indicaram para a Secretaria da Educação o ex-candidato Vieira da Cunha, que ficou em quarto lugar na eleição. Com o acordo, Sartori garantiu uma maioria confortável na Assembleia -entre os grandes partidos, apenas o PT e o PTB ficarão na oposição.

O núcleo do secretariado será formado por dois peemedebistas com perfil de renovação e de bom desempenho nas urnas. Um deles é Giovani Feltes, que assume a Secretaria da Fazenda e quebra a tradição local de a pasta sempre ser comandada por um técnico. Ele se destacou na Assembleia com discursos duros contra o PT.

O outro será o secretário da Casa Civil Márcio Biolchi, 35, ligado a uma ala no PMDB próxima ao vice-presidente Michel Temer.

Políticos que tinham sido secretários no conturbado governo da tucana Yeda Crusius (2007-2010) também estão de volta ao primeiro escalão, como Pedro Westphalen (PP), nos Transportes.

Para a Segurança, Sartori "importou" do Centro-Oeste do país um delegado da Polícia Federal que era secretário do Governo do PMDB em Mato Grosso do Sul, Wantuir Jacini.

Este será o quarto governo do PMDB no Estado, o que faz do partido a sigla com mais tempo no poder desde os anos 70, ainda antes da redemocratização (1985). No Rio Grande do Sul, os peemedebistas tradicionalmente se opõem ao PT.

Sartori, ex-prefeito de Caxias do Sul, assume o governo após uma surpreendente arrancada na campanha eleitoral. Pouco conhecido do eleitorado à época, ele cresceu nas pesquisas nas vésperas do primeiro turno e venceu Tarso com facilidade na segunda votação.


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