Folha de S. Paulo


Dilma defende Graça e chama de 'absurdo' o valor desviado de estatal

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (22) que não está "pretendendo alterar a diretoria da Petrobras", mas trocará o Conselho de Administração da estatal, sem dar detalhes dos nomes que indicará. Dilma disse achar "absurdo" o alto montante de dinheiro desviado por alguns funcionários da empresa.

Em café da manhã de final de ano com jornalistas, Dilma voltou a fazer uma enfática defesa da presidente da Petrobras, Graça Foster, e afirmou que as empreiteiras imputadas pela Operação Lava Jato devem ser punidas, mas não "destruídas". A punição vale também para os executivos envolvidos.

"Eu conheço a Graça. Sei da seriedade da Graça e da lisura dela", disse, reconhecendo, porém, que há "um clima muito difícil para ela". Dilma afirmou não ver nenhuma falta de credibilidade da presidente da Petrobras, ao contrário do que considera o mercado financeiro e investidores nacionais e internacionais.

Questionada sobre as declarações da ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca, de que teria avisado Graça Foster pessoalmente sobre os desvios na estatal, Dilma afirmou ser um "absurdo" fazer acusações sem mostrar as provas. Ela indicou que não está convencida de que Foster sabia com antecedência dos desvios na empresa.

"Como se tipifica uma alegação sem prova? Tem que ter alguma prova apresentada sobre qualquer conduta da presidente da Petrobras", afirmou Dilma.

Para Dilma, a Petrobras, do ponto de vista da produção, "vai bem, obrigada".

Mas a presidente disse temer o rebaixamento da nota da Petrobras pelas agências internacionais de classificação de risco, o que poderia agravar suas dificuldades financeiras. "Trabalhamos com o seguinte fato: uma luta incansável para não rebaixarem a nota", afirmou.

Yasuyoshi Chiba - 17.dez.2014/AFP
A presidente da Petrobras, Graça Foster, que tem sido defendida pela presidente Dilma
A presidente da Petrobras, Graça Foster, que tem sido defendida pela presidente Dilma Rousseff

Apesar das declarações da presidente, integrantes do próprio governo afirmam que a saída da executiva é iminente e deve se dar no ano que vem. Questionada sobre possíveis nomes para substituí-la, a petista classificou-se como "perplexa" com as especulações de que busca um nome de mercado para o posto.

"A Petrobras não é uma empresa simples, não é trivial", disse. "Alguém que destruiria todo o choque de governança? Não podemos interromper hoje o processo", complementou.

A presidente confirmou que Graça Foster colocou o cargo à disposição em mais de uma oportunidade, conforme revelou a Folha.

BALANÇO AUDITADO

A presidente afirmou que sem saber o teor das delações premiadas não há como o balanço da empresa ser lançado. Ela contou que já pediu ao Ministério Público informações sobre as delações para que possa informar o tamanho dos desvios, exigência para que o balanço possa ser auditado.

"Ele [Ministério Público] não pode demorar anos sob pena de comprometer o país", disse. "Eu não acho que vai demorar", completou.

"Não vamos compactuar com qualquer processo de enfraquecimento da Petrobras. Ela tem um caixa que permite a ela passar esse ano sem recorrer ao mercado. [...] É importante que se saiba todo o teor das delações premiadas porque não vamos saber o que foi tirado dos cofres. A gente precisa dar baixa, tem que lançar como prejuízo", disse.

REFORMA MINISTERIAL

Dilma prometeu anunciar o restante da reforma ministerial até 29 de dezembro e não descartou fazer mudanças em duas ou mais "levas". Ainda assim, ela afirmou que não vai demonizar indicações políticas mas que questionará o Ministério Público para saber se os nomes indicados por partidos aliados tem algum grau de envolvimento com os escândalos de corrupção.


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