Folha de S. Paulo


Reforma política é medida anticorrupção, diz Dilma

A presidente Dilma Rousseff fez um discurso nesta sexta-feira (28) em que defendeu a reforma política como instrumento para o "combate efetivo" à corrupção no Brasil e reafirmou seu compromisso em mudar as regras eleitorais com participação popular.

Durante encontro do diretório nacional do PT, em Fortaleza, Dilma falou em favor de uma das principais bandeiras da sigla, o fim do financiamento privado das campanhas, que chamou de "semente de um processo incontrolável" que se repete no país.

"Temos um compromisso com esse país, a reforma política. Nada desse combate [à corrupção] se tornará efetivo se nós não fizermos uma verdadeira reforma política no nosso país", afirmou.

Além do fim das doações de empresas, Dilma defendeu mudanças em relação às coligações e à paridade homem-mulher nas eleições.

"Eu, pessoalmente e como presidenta, só acredito em reforma política com participação popular", disse a petista, que defende plebiscito sobre o tema. Depois, ponderou que o Legislativo deve ser "catalizador desse processo".

Outra bandeira cara ao PT, a regulação da mídia não foi citada no discurso. Apesar disso, o presidente da sigla, Rui Falcão, disse minutos antes que Dilma se comprometeu a fazer consulta pública sobre o tema no segundo semestre de 2015. Ela apenas assentiu.

Acenos à esquerda e aos movimentos sociais vieram com menções a reforma agrária, combate à homofobia e defesa dos direitos humanos.

'SEM CHOQUES'

Diante de uma plateia formada por dezenas de dirigentes petistas que, antes de sua chegada, haviam cobrado mudanças no governo e acenos à esquerda, Dilma tentou dar seu recado ao prometer melhorias "sem choques".

"Jamais podemos ter um projeto que não coloque no centro do desenvolvimento a criação de emprego, melhoria de renda e o aumento das oportunidades", afirmou.

Antes do discurso de 45 minutos, também ouviu de Falcão pedido para que "os ajustes necessários na economia sejam feitos de forma gradual, sem queimar direitos, sem arrochar salários, sem mexer nos programas sociais".

"Nós não vamos nos dar ao luxo de esperar, diante da crise, para tomar as medidas necessárias. Temos que ter agilidade nas nossas ações", disse, destacando que o governo precisa de "mais eficiência".

Alguns quadros do PT classificam como "liberal" a escolha de Joaquim Levy para a Fazenda. Na reunião do sigla setores mais à esquerda criticaram a nomeação, apesar de o comando petista tratar a questão como "encerrada".

Frente à reivindicação por "protagonismo" do PT, Dilma fez questão de dizer que o governo é "do PT e dos partidos aliados". "É de todos", disse.


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