Folha de S. Paulo


Fomos resgatados após Supremo nos destruir, diz sogro de Pizzolato

O sogro do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, João Francisco Haas, 82, afirmou nesta terça-feira (28) que estava "aliviado" com a decisão da Justiça italiana e que sua família estava sendo "resgatada após ser destruída pelo Supremo".

"Estou resgatando a minha família que foi destruída pelo STF [Supremo Tribunal Federal]. Eu tinha uma família maravilhosa que foi estraçalhada", afirmou Haas após a negativa de extradição da Justiça italiana de Pizzolato para o Brasil.

O ex-diretor do BB foi condenado a 12 anos e 7 meses de prisão por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro no processo do mensalão.

A mulher do ex-diretor do BB, Andrea Haas, acompanhou todo o julgamento do marido. Após o anúncio da decisão, os dois se abraçaram na sala disse o sogro. "Estou agora aliviado com a decisão. Pizzolato deixou a audiência muito emocionado", concluiu.

Após o julgamento, Pizzolato retornou em uma van para o presídio na cidade de Modena (norte da Itália), onde está preso desde fevereiro.

De acordo com o advogado de Pizzolato, Alessandro Sivelli, o ex-diretor do BB deve ser solto nas próximas horas. "A liberação de Pizzolato depende da expedição do alvará, que deve sair entre hoje à noite e amanhã de manhã", afirmou.

CASO

Henrique Pizzolato, que tem dupla cidadania, está preso em Modena (norte da Itália) desde que foi detido em fevereiro pelas autoridades italianas, em cumprimento a um mandado de captura internacional emitido pela Interpol.

Ele fugiu do Brasil em setembro de 2013 e viveu clandestinamente na Europa, usando documentos italianos emitidos em nome de um irmão morto em um acidente automobilístico em 1978.

Pizzolato afirma que se refugiou na Itália para evitar cumprir pena por uma condenação que alega ser injusta. Seu argumento é que foram ignoradas provas que apontavam sua inocência e que ele foi condenado em um "julgamento político" pelo STF (Supremo Tribunal Federal), sem direito a recorrer da sentença a um novo tribunal.

"Não é uma corrida de cem metros. É uma corrida de fundo. Essa questão da cidadania pode ser enfrentada num momento posterior pelo Ministério da Justiça italiano", disse à Folha Eduardo Pelella, chefe de gabinete do procurador-geral da República.

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CONDENAÇÃO DE HENRIQUE PIZZOLATO

CRIMES Corrupção passiva, peculato (desvio de dinheiro público) e lavagem de dinheiro

PENA 12 anos e 7 meses de prisão em regime fechado, mais uma multa de R$ 1,3 milhão

O QUE ELE FEZ Em 2003 e 2004, o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil autorizou o repasse de R$ 73,8 milhões que a instituição tinha no fundo Visanet para a DNA, agência de publicidade do empresário Marcos Valério que tinha contrato com o BB e foi usada para distribuir dinheiro a políticos. Pizzolato recebeu R$ 336 mil do esquema

O QUE ELE DISSE Pizzolato afirmou durante o julgamento que o dinheiro que recebeu era destinado ao PT e foi entregue a um emissário do partido. Ele se queixou do fato de que outros executivos do banco autorizaram repasses de recursos do Visanet e não foram processados. Ele nega que o dinheiro tenha sido desviado para o mensalão


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