Folha de S. Paulo


Euforia e alívio marcaram a comemoração do PT pela reeleição

Um sucesso de Beth Carvalho tocava alto nos amplificadores na festa da vitória petista em Brasília, enquanto ministros e assessores se espremiam na pista de dança.

A titular do Planejamento, Miriam Belchior, fugia do perfil normalmente austero. Cantava, suada e animadíssima, o refrão "vou festejar/o teu sofrer/o teu penar".

O partido fechou um restaurante na capital para receber os convivas. No ar, um sentimento de euforia misturado com extremo alívio.

A alegria não impediu um comentário flagrante: "Espero que ela tenha aprendido a lição", disse um auxiliar sobre o estilo turrão de Dilma e sua comentada dificuldade de reconhecer erros.

Nas rodinhas de conversa, muitos se atropelavam no desabafo, falando às vezes ao mesmo tempo: "Eu achava que íamos perder!"; "Eu fiquei com medo da notícia de que o Alckmin e o Fernando Henrique estavam indo para Minas"; "Eu não acreditei quando o resultado saiu!".

O "open bar" garantiu a alegria dos militantes ilustres com bebida e comida à vontade. No quesito animação, o hit "Macho Man" –do grupo americano Village People– só perdeu para o jingle de campanha da presidente "Coração Valente".

Até o sempre contido general Marcos Antonio Amaro, responsável pela segurança da presidente da República, ensaiou um "por isso eu quero Dilma de novo".

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, não deixava as pernas paradas, enquanto um outro alto funcionário do primeiro escalão aproveitava para trocar olhares com uma moça da festa.

PRIORIDADE NO SERVIÇO

A conta foi paga pelo PT (em valores não revelados), mas um importante auxiliar da presidente Dilma "convenceu" o garçom para ter prioridade no serviço do restaurante lotado.

Dobrou uma nota de R$ 20 três vezes em um quadradinho e fingiu cumprimentar o funcionário para entregar o dinheiro. Deu certo: enquanto um outro garçom servia na mesa vizinha um balde com três garrafinhas de cerveja, o dilmista e seus amigos recebiam oito garrafas de uma só vez, e geladas.

No lado externo do restaurante BSB Grill, onde os convidados jantavam filé, farofa e batata frita, o coordenador da assessoria de comunicação da Presidência da República era barrado no baile.

Olímpio Cruz, que assumiu a campanha na reta final, ficou de fora da comemoração porque não conseguiu uma pulseirinha vermelha de acesso ao local.

No restaurante, Celso Kamura, maquiador e "hair stylist" da presidente Dilma, esbarrou por acaso com Dilma Bolada, personagem virtual da petista nas redes sociais.

"Ah, então é você que deixa a diva ainda mais diva!", disparou Jeferson Monteiro, criador e responsável por administrar do perfil.

O troféu de cena inusitada da noite ficou com Rui Falcão, presidente do PT.

Na saída do evento, uma funcionária da Casa Civil se aproximou do dirigente com um pedido para lá de incomum. "Posso beijar seus pés?". Assustado com a pergunta, Falcão foi rápido no gatilho: "Não, pode ser na bochecha mesmo".


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