Folha de S. Paulo


Maioria dos governadores eleitos terá de negociar apoio com a oposição

Pouco mais da metade dos futuros governadores terá que buscar novos aliados para conseguir aprovar propostas de interesse do governo nas Assembleias Legislativas.

Dos 27 eleitos ou reeleitos, 15 integraram coligações de partidos que não conseguiram eleger a maioria dos deputados estaduais.

Para aprovar projetos de lei, por exemplo, basta a maioria simples em plenário. A dificuldade cresce nas propostas de emenda à Constituição estadual, que precisam ser aprovadas por ao menos três quintos da Casa.

Nesse caso, sobe para 20 o número de governadores que terá de buscar apoio em partidos que apoiaram outros candidatos nessa eleição.

O PMDB é o partido que mais terá que negociar apoio: as coligações de cinco dos sete governadores eleitos não alcançaram a maioria das cadeiras das Assembleias.

NEGOCIAÇÕES EM CURSO

Em vários casos, as articulações começaram com a definição dos apoios aos candidatos do segundo turno.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, o peemedebista José Ivo Sartori conseguiu somar 11 partidos aos oito que integraram sua coligação no primeiro turno da disputa.

Agora a expectativa é que as novas adesões melhorem o poder de negociação do futuro governador, cuja coligação elegeu apenas 13 das 55 cadeiras, ou 24% do total.

"Eles nos apoiaram na eleição, tivemos um trabalho conjunto, o que indica que os partidos que nos apoiaram na eleição serão nossos aliados", afirma Carlos Búrigo, um dos coordenadores da campanha de Sartori.

Ele não quis estimar, contudo, com quantos deputados estaduais o governo poderá contar, e afirma que o tema será tratado a partir da próxima semana. "Até ontem [domingo], nosso foco era vencer a eleição", disse.

A dificuldade para conseguir adesões será maior em Roraima, onde a futura governadora Suely Campos (PP) elegeu apenas um dos 24 deputados estaduais.

Candidata da oposição e colocada na disputa em cima da hora por causa da renúncia do marido Neudo Campos, barrado pela Lei da Ficha Limpa, ela venceu o atual governador Chico Rodrigues (PSB), cuja coligação fez 19 deputados, ou 79% da Casa.

Outro partido que terá que procurar novos aliados é o PSB. Dos três governadores eleitos pela sigla, apenas Paulo Câmara (PE) já conta com maioria automática.

Rodrigo Rollemberg (DF), eleito, e Ricardo Coutinho (PB), reeleito, já buscam novos apoios nas Assembleias.

O coordenador da campanha do PSB no DF, Hélio Doyle, diz acreditar que o governo Rollemberg terá maioria porque, na prática, os apoios são acertados diretamente com deputados, e não apenas com os respectivos partidos.

"Os partidos estão bastante esvaziados, então o que vale é o deputado. O PHS, por exemplo, apoiou o Jofran Frejat (PR), mas seu único deputado estadual eleito apoiou o Rodrigo Rollemberg", afirma.

Ele estima que, com as adesões do segundo turno, o futuro governador do DF ampliou de quatro para 11 o total de apoios no Legislativo.

Essa situação também será enfrentada por PT e PSDB. Com vitória inédita para o PT em Minas Gerais, Fernando Pimentel elegeu 26 dos 77 deputados, ou 34%. No Piauí, Wellington Dias (PT) tem um terço dos 30 deputados.

Para o PSDB, o problema ocorre em um de seus cinco novos Estados: Mato Grosso do Sul, onde Reinaldo Azambuja terá, a princípio, cinco dos 24 parlamentares.

Editoria de Arte/Folhapress

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