Folha de S. Paulo


Eleita em Roraima é mulher de ex-governador ficha suja

Suely Campos (PP), 61, conquistou feito inédito nessas eleições: será a primeira governadora da história de Roraima, que detém o menor colégio eleitoral do país (0,2% do total).

Também neste pleito, entre os 26 Estados e o Distrito Federal, Suely será a única mulher a chefiar um Estado.

Suely voltará ao Palácio Senador Hélio Campos –sede do governo estadual– após um hiato de 12 anos.

Entre 1995 e 2002, ela foi primeira-dama no governo do marido, Neudo Campos (PP).

E foi por causa de Neudo que Suely foi parar nas urnas, faltando apenas 25 dias para a disputa do primeiro turno.

Ela substituiu o marido, que teve a candidatura barrada pela Lei da Ficha Limpa.

A governadora eleita dedicou a campanha a provar que é mais do que uma "mulher de político".

Nascida em Boa Vista, e formada em letras, Suely foi secretária de Assistência Social, vice-prefeita de Boa Vista e deputada federal (2003-2006).

Para vencer as eleições, contou com o apoio de todos os seus adversários derrotados no primeiro turno.

Juntos, eles formaram uma frente ampla de oposição contra o atual governador Chico Rodrigues (PSB), que disputou a reeleição.

Com o discurso de reconstruir o Estado, Suely prometeu reformar escolas, ampliar leitos em hospitais e enxugar a máquina pública, entre outros pontos.

A governadora eleita declarou patrimônio de R$ 114 mil, em cotas de consórcio e um trator.

O marido Neudo Campos (PP), quando ainda era candidato ao governo, afirmou possuir R$ 576 mil, distribuídos em carros e fazendas.

MARIDO NO PODER

Ao longo da campanha, a pepista teve que responder a uma pergunta insistente: Neudo retornará ao governo do Estado?

A candidatura de Neudo foi barrada porque ele foi condenado em segunda instância por peculato (crime contra a administração pública) pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 1º Região.

Também foi condenado em 2010 pelo TCU (Tribunal de Contas da União) por não prestar contas da construção de um anel viário inacabado.

O ex-governador também chegou a ser preso em 2003 na Operação Gafanhoto, por supostamente liderar um esquema de falsas folhas de pagamento com funcionários fantasmas no governo do Estado.

Suely afirmou que o marido não terá cargo em seu mandato porque "ele não precisa de emprego".

Ressaltou, contudo, que Neudo será uma espécie de assessor particular para assuntos de gestão.


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