Folha de S. Paulo


Vice-governador supera Henrique Alves e vence no RN

Atual vice-governador, Robinson Faria (PSD) venceu o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB), e governará o Rio Grande do Norte a partir de 2015.

Robinson conquistou 54% dos votos (877.268), contra 46% de Alves (734.801). Votos brancos foram 3%, e nulos, 13% do total potiguar.

Após o resultado, Robinson Faria disse que fará um governo "técnico", que romperá com a "política coronelista" do Estado e priorizará os mais pobres.

"Estou totalmente livre, como governador eleito, para premiar a competência. Quem tiver competência, quem tiver qualificação técnica", afirmou.

As pesquisas de intenção de voto do segundo turno mostraram uma virada que, agora, se confirmou nas urnas.

Robinson elegeu-se apoiado numa coligação de oito partidos, entre os quais o PT.

A aliança lhe rendeu o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que gravou vídeo de campanha para ele no final do primeiro turno. Alves reclamou publicamente de Lula e disse que a política pode ser "ingrata".

Robinson, por sua vez, reconheceu que seu desempenho nestas eleições se deve à aliança com o PT, que lhe "rendeu militância e a popularidade do ex-presidente Lula".

Os dois turnos da disputa foram marcadas por uma crescente troca de acusações entre os candidatos.

Robinson apontou escândalos de corrupção envolvendo o nome de Alves, como o da Petrobras, o que o deputado sempre negou.

GOVERNISMO

Alves associou Robinson à gestão da mal avaliada governadora Rosalba Ciarlini (DEM), de quem o pessedista é vice. Robinson e Rosalba romperam no início da gestão e a governadora ficou neutra na disputa.

Para rebater a pecha de governista, Robinson insistiu, durante toda a campanha, em classificar o rival como "candidato do acordão", referência à coligação de 17 partidos de Alves, que incluiu o PSB de Marina Silva e o PSDB de Aécio Neves.

Henrique Alves procurou citar Robinson como "secretário de um poço só", em referência ao período do pessedista na Secretaria de Recursos Hídricos do Estado.

A campanha de Robinson rebateu a crítica dizendo que o candidato comandou a secretaria por apenas oito meses e que, como titular da pasta, descobriu que a gestão anterior havia perfurado mais de mil poços sem instalá-los.

Por depender institucionalmente do apoio do PMDB no Congresso, a presidente Dilma se manteve distante da disputa potiguar. Daí a reclamação de Alves contra o apoio de Lula a Robinson.

Apesar da vitória, o novo governador terá que resolver o mais cedo possível a falta de apoio que ele terá na futura Assembleia. Dos 24 deputados estaduais, sua base conta com seis parlamentares (25%). Ele afirma que, seguindo a tradição potiguar, não terá problema de governabilidade.

"Existe uma boa vontade da Assembleia. Não há uma cultura de enfrentamento ao Executivo", afirmou Robinson.

"Acho que terei uma chance muito boa de fazer uma grande pactuação com os sindicatos, os servidores públicos, os poderes Legislativo, Executivo. O Ministério Público se dá muito bem comigo. Temos uma boa sintonia", disse.

Advogado nascido em Natal, Robinson assumiu na campanha compromissos como transformar o Estado no maior produtor de energias renováveis do país, tirar do papel o hospital de traumas de Natal, interiorizar o Samu, aumentar o número de escolas em tempo integral e criar centrais de polícia 24 horas.


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