Folha de S. Paulo


Com apoio de Cid e Ciro Gomes, PT é o favorito na disputa no Ceará

Com o apoio do governador Cid e do ex-ministro Ciro Gomes, o petista Camilo Santana (PT), 46, é o favorito para vencer as eleições no Ceará neste domingo (26).

O petista, contudo, perdeu fôlego na reta final e está em empate técnico com o senador Eunício Oliveira (PMDB) –52% a 48%, segundo levantamento do Datafolha divulgado neste sábado (25).

Ex-secretário do governo de Cid, que comandou o Ceará nos últimos oito anos, Santana contou ainda com o apoio de 120 prefeituras, de um total de 184 municípios cearenses.

Já Eunício, 62, teve como principal avalista de sua campanha Tasso Jereissati (PSDB), eleito senador no último dia 5 com mais de 23 milhões de votos.

A coligação do petista foi formada por 18 partidos, contra os 9 do grupo de Eunício. E teve também mais dinheiro gasto até agora, conforme declarado no TSE: R$ 11,3 milhões ante R$ 6,3 milhões do peemedebista.

No segundo turno, o principal tema da campanha foi a segurança pública.

Além dos altos números de homicídio no Estado, que tem o terceiro maior índice do país –44,6 mortes por 100 mil habitantes –, a Polícia Militar foi jogada no centro do embate político após declarações do governador de que a corporação estaria atuando como uma "milícia" para prejudicar a campanha de Camilo.

As declarações de Cid foram dadas no dia da votação do primeiro turno após um vereador da sua base aliada ser detido por suspeita de compra de votos. A PM fez, na ocasião, 59 detenções por suspeitas de crimes eleitorais - 48 praticados pela coligação de Camilo, e 11, pela de Eunício.

De olho na popularidade de Dilma no Nordeste, os dois candidatos usaram à exaustão a imagem da candidata à reeleição neste segundo turno.

Por um acordo com o PMDB nacional, Dilma manteve a neutralidade em solo cearense. A petista também não gravou depoimentos nem manifestou apoio formal a nenhum dos lados em nenhum dos dois turnos.

"Reconheço os dois candidatos como aliados e afinados ao meu projeto", disse Dilma, durante a visita em Fortaleza, ainda no primeiro turno.

Apesar da neutralidade declarada por Dilma, Santana tenta, desde o primeiro turno, vincular sua imagem à da presidente. Ele usa o discurso de ser do mesmo partido da presidente, possuir o mesmo número e prega o voto casado: "Dilma lá, Camilo cá. Dia 26 é 13 e 13", diz.

Filho de um ex-deputado estadual petista, Santana é engenheiro agrônomo e servidor licenciado do Ibama e já foi do PSB.

Já Eunício intensificou o uso da imagem da presidente apenas no segundo turno. No primeiro, ele fez uso moderado para acomodar em sua chapa o tucano Tasso Jereissati, que fez campanha para Aécio.

A busca para surfar na popularidade presidencial tem justificativa nos números. Dilma terminou o primeiro turno com 68% dos votos no Ceará, contra 15% de Aécio.

Na última pesquisa Datafolha, ela aparece com 74% das intenções de voto no Estado, contra 26% do adversário tucano – é a maior vantagem percentual da petista neste segundo turno, segundo a pesquisa.

Administrador de empresas, Eunício aposta na sua experiência na política para angariar esses votos. Deputado federal por três mandatos, ele foi ainda ministro das Comunicações entre 2004 e 2005 no primeiro governo Lula.


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