O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB), 65, chega ao segundo turno da disputa para governador do Rio Grande do Norte sem o favoritismo que manteve durante toda a primeira fase da eleição contra o atual vice-governador, Robinson Faria (PSD), 55.
Líder de uma aliança de 17 partidos, Alves saiu das urnas no início do mês com vantagem de cinco pontos percentuais (47% a 42%), mas viu o jogo virar no segundo turno, quando tornou-se o azarão da corrida eleitoral.
Pesquisa Ibope divulgada neste sábado (25) mostrou Faria com 47% das intenções de voto, ante 40% de Alves. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Quando analisados apenas os votos válidos, ou seja, descartados votos brancos, nulos e de indecisos, o percentual é de 54% para Faria e de 46% para Alves.
A eleição no Estado ficou marcada por uma série de peculiaridades. A mais significativa foi a união de rivais históricos num único palanque.
Bacuraus (ave que simboliza a família Alves) e araras (marca da família Maia) reuniram-se pela primeira vez e optaram pela candidatura de Henrique Eduardo Alves, que ganhou de seu adversário a alcunha de "candidato do acordão".
Outra característica da campanha foi a constante troca de ataques, iniciada no primeiro turno e elevada a enésima potência no segundo.
De um lado, Robinson elencou escândalos de corrupção envolvendo o nome de Alves, como o da Petrobras, o que o deputado sempre negou. Do outro lado, o candidato do PMDB procurou associar Faria à gestão da mal avaliada governadora Rosalba Ciarlini (DEM), de quem o pessedista é vice.
Faria e Rosalba romperam no início da gestão e a atual governadora não declarou apoio formal a nenhum dos candidatos.
"Já desligo a televisão porque não aguento a baixaria. Eles só fazem lavar roupa suja em público, por isso votei em branco no primeiro turno e não sei em quem votar agora", disse a dona de casa Ariete Santos, 55, moradora da periferia de Natal.
Em todo o Estado, 36% dos 2,3 milhões de eleitores aptos a votar se abstiveram ou votaram em branco ou nulo na primeira fase.
Robinson Faria contou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para levar a eleição ao segundo turno.
Na reta final da primeira fase, o petista apareceu no programa de Faria na TV.
A aparição incomodou Alves, atual presidente da Câmara, e deputado há 44 anos pelo PMDB, aliado fundamental para o governo federal no Congresso desde as gestões de Lula (2003-2010).
O peemedebista, que tem o PSDB de Aécio Neves em sua chapa, criticou a postura de Lula e apresentou o vice-presidente Michel Temer (PMDB) em seu programa.
A presidente Dilma, "escondida" por Alves nos discursos, não foi ao Estado na campanha e não declarou apoio a ninguém.