Folha de S. Paulo


Dilma lamenta vandalismo em editora, mas fala em 'processo golpístico'

A presidente Dilma Rousseff disse neste sábado (25) repudiar os atos de vandalismo na sede da Editora Abril, em São Paulo, e afirmou que "bandidos que tentam salvar a própria pele" estão afirmando "coisas sem fundamento".

Em entrevista em Porto Alegre, onde promove o último ato de sua campanha, ela disse que a reportagem da revista "Veja", segundo a qual ela e o ex-presidente Lula sabiam das irregularidades na Petrobras, é um "processo golpístico".

Em tom indignado, ela afirmou: "Quero que provem que eu compactuei com a corrupção. [É] Esse tipo de situação em que se insinua e que não tem prova. Quero dizer também que não falo de corrupção só em época eleitoral".

O ex-presidente Lula também disse que, assim como o PT, irá processar a revista. A publicação estampou, em sua última capa, depoimento do doleiro Alberto Youssef dizendo que ele e Dilma sabiam dos esquemas de corrupção na Petrobras.

"Da minha parte, a partir do processo eleitoral, [a 'Veja'] vai ter que explicar na Justiça. Sempre ouvimos que não adianta processar, para deixar pra lá. Mas o que a 'Veja' fez não pode ficar pra lá. Ela exagerou", afirmou Lula, em uma caminhada que reuniu cerca de 1.000 pessoas em São Bernardo (SP) no final da manhã.

Ricardo Moraes/Reuters
O tucano Aécio Neves e a petista Dilma Rousseff antes do debate da Rede Globo
O tucano Aécio Neves e a petista Dilma Rousseff antes do debate da Rede Globo

Dilma prometeu uma investigação a fundo sobre as suspeitas envolvendo a Petrobras e disse que não vai ficar "pedra sobre pedra". "Eu vou informar à nação [a respeito da investigação] não dessa forma seletiva, que permite que bandidos que tentam salvar a própria pele façam acordos políticos e digam coisas sem fundamento. Eu quero saber como é que as coisas vão ficar quando nós investigarmos. Sabe como vão ficar? Límpidas, translúcidas."

Ela também fez uma nova referência à reportagem da "Veja": "Os responsáveis também pelas injúrias e calúnias devem ser punidos. Porque não se pode tratar assim uma presidenta da República três dias antes da eleição. Por que isso nunca apareceu antes? Que história é essa? A minha indignação é proporcional à injustiça que estão cometendo."

A presidente foi questionada a respeito do protesto em frente à sede da Editora Abril, que edita a revista, e afirmou que repudia qualquer "violência como forma de discussão política". Na noite de sexta (24), cerca de 50 pessoas espalharam lixo na entrada da empresa e fizeram pichações.

"Isso é barbárie, isso deve ser coibido. Nós só podemos aceitar um padrão de discussão que seja pacífico, com argumentos, que defenda posições e que não ataque uns aos outros. Não se cria um país civilizado, democrático, dessa forma. Repudio integralmente."

Nesta sexta-feira (24), a presidente já havia afirmado que a "Veja" faz "terrorismo eleitoral". Sobre essas críticas, a revista disse, em nota, que Dilma "centrou suas críticas no mensageiro, quando, na verdade, o cerne do problema foi produzido pelos fatos degradantes ocorridos na Petrobras".

CAMINHADA

Após a entrevista, Dilma participou de uma caminhada, de pouco mais de 20 minutos, com militantes do PT no centro da capital gaúcha.

Acompanhada do governador gaúcho Tarso Genro (PT), a presidente percorreu um trecho de três quadras em uma caminhonete e foi acompanhada por cerca de 8.000 pessoas, segundo estimativa da Brigada Militar.

Portando bandeiras e cartazes com mensagens como "Não voto em quem bate em mulher" e textos de apoio a programas federais, os petistas se espremeram no cortejo para tentar tocar a presidente. Como havia feito em São Paulo, no início da semana, Dilma balançou no carro quando a militância gritou "Quem não pula é tucano".

Ela não terá mais agendas públicas até a manhã deste domingo (26). A candidata à reeleição vota na capital gaúcha, onde iniciou sua carreira política e morou por décadas.

Depois que a presidente e Tarso deixaram o local do ato, o presidente do PT-RS, Ary Vanazzi, discursou pedindo engajamento da militância pela reeleição do governador, em desvantagem nas pesquisas.

Segundo o dirigente, sondagens internas do partido apontariam queda do candidato adversário, José Ivo Sartori (PMDB). "Estamos a cinco pontos de ganhar a eleição", disse.

Levantamento do Datafolha divulgado na última quinta (23) apontou Sartori com 20 pontos de vantagem sobre Tarso, na contagem de votos válidos (que excluem brancos, nulos e indecisos). O peemedebista marcou 60%, contra 40% do petista.


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