No último debate entre os presidenciáveis no segundo turno, realizado pela Globo, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) voltaram a elevar o tom e debateram corrupção, mas sem resvalar para os ataques pessoais, como fizeram no embate no SBT.
Eles usaram informações e fizeram declarações que não correspondem à realidade como ela é. A equipe da Folha relata, abaixo, quais foram as falhas dos presidenciáveis.
*
DESEMPREGO
- Dilma diz que o Brasil é destaque no mundo pelo desemprego baixo, mas a taxa brasileira é semelhante ou superior às de países como China, Japão, Áustria, Suíça, México e outros.
- Os 11 milhões de desempregados no governo FHC mencionados por Dilma foram apurados no censo do ano 2000. Em 2002, pesquisa do IBGE contou 8,1 milhões.
-
INFLAÇÃO
- É falsa a afirmação de Dilma de que o governo FHC deixou uma inflação superior à que herdou. O IPCA (índice oficial de inflação) passava de 40% ao mês antes do Plano Real. Em 2002, último ano do tucano, foi de 12,5%.
-
EDUCAÇÃO
- Aécio cobra Dilma por não ter cumprido a promessa feita em 2010 de construir 6.000 creches. O governo entregou 2.000. Por outro lado, não havia antes um programa federal de larga escala para construção de creches.
- Aécio diz que o Prouni foi inspirado em um programa de Goiás. Nesta semana, porém, a coordenadora do programa de educação da campanha tucana, Maria Helena Guimarães, disse que a única coisa do governo do PT que ela queria ter criado foi justamente o Prouni.
- A presidente Dilma diz que o governo FHC proibiu a expansão das escolas federais. Na verdade, ficou proibida a construção de unidades apenas pela União, deveria ser feita em conjunto com Estados e municípios. O governo Lula entendeu que essa lógica atrapalhava a expansão e passou a construir escolas técnicas apenas com verbas federais.
- O tucano Aécio diz que o país tem uma posição vergonhosa nos rankings internacionais de educação. O país, de fato, está entre os últimos do Pisa (principal avaliação internacional), mas a situação vem desde o governo FHC. Em 2000 (governo FHC), o Brasil ficou em 32o lugar em leitura entre os 32 países avaliados. Em 2012 (governo Dilma), foi 55o entre 65 países avaliados.
-
ADMINISTRAÇÃO
- Minas Gerais é, como diz Dilma, o segundo Estado mais endividado do país. No entanto, a dívida caiu de 263% para 166% da receita anual ao longo do governo tucano.
- Aécio, que já prometeu reduzir o número de ministros dos atuais 39 para algo entre 20 e 22, ainda não detalhou que pastas serão extintas. No debate, ele promete "superministérios" da Agricultura e da Infraestrutura.
-
PREVIDÊNCIA
- Depois de idas e vindas, Aécio se compromete com a revisão do fator previdenciário, que reduz os benefícios de quem se aposenta mais cedo, mas não apresenta a alternativa.
- Dilma diz que o fator foi criado no governo FHC, o que é verdade, mas a administração petista manteve a regra.