Folha de S. Paulo


Grupo de esquerda dá apoio a Crivella no Rio

Na disputa pelo governo do Rio no segundo turno, o candidato Marcelo Crivella (PRB) conta com um sopro esquerdista em sua campanha.

O principal líder do grupo é César Benjamin, o Cesinha, cientista político, ex-guerrilheiro, fundador do PT e do PSOL e preso durante a ditadura quando tinha apenas 17 anos. Ele tem papel de destaque na campanha, sendo um dos responsáveis por dar as diretrizes políticas a Crivella.

Outro apoiador de peso é Carlos Lessa, que presidiu o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência.

O economista Lessa auxiliou Crivella na elaboração do programa de governo. Diz que o apoia por admirar o trabalho do candidato como missionário na África –bispo licenciado da Igreja Universal, Crivella é sobrinho do líder da instituição, Edir Macedo, e atuou na expansão africana da igreja na década de 80.

"[Crivella] tem uma estratégia extremamente comprometida com a correção das injustiças sociais", afirmou Lessa.

O economista tem um contato próximo com o senador. Dia sim, dia não, Lessa diz conversar com Crivella e opinar sobre os rumos da campanha e da eleição em si. "Ele tem uma capacidade muito interessante: absorve muito rapidamente o que é passado pra ele", comentou.

A presença de Lessa na campanha de Crivella atraiu outros economistas, como Darc Costa. Ele preside a Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul e foi vice-presidente do BNDES. Rejeita o rótulo de esquerdista e prefere sedenominar "nacionalista".

Assim como Lessa, está com Crivella desde o primeiro turno. Diz não estar ao lado do senador pelo aspecto político, que fica mais para o grupo liderado por Benjamin.

"Tem uma diferença, porque o César tem origem política, e nós não. Nunca participei de política, tinha só a vivência técnica", afirma.

Além de Lessa e Costa, o grupo de intelectuais ligados à esquerda tem o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, que foi ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos no segundo mandato de Lula, e o economista João Sicsú, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

GURU POLÍTICO

A liderança de Benjamin é reafirmada por todos os que estão na campanha. Visto como "guru político" no time de Crivella, ele foi procurado pela reportagem da Folha, mas não foi localizado.

No Facebook, Benjamin disse estar "sob fogo cerrado" desde que revelou que estaria ao lado de Crivella.

Destaca ter sido acusado de aderir ao "voto útil" quando, na verdade, via no senador o melhor candidato desde o princípio. "Conheço Crivella. Diversas vezes me demonstrou seriedade, em contextos que nada tinham a ver com campanha", escreveu.


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