Folha de S. Paulo


Na TV, Dilma afirma que revista 'Veja' faz terrorismo eleitoral

No último dia do horário eleitoral gratuito, a campanha petista centrou forças em responder à reportagem publicada pela revista "Veja" em sua capa mais recente. A candidata Dilma Rousseff (PT) apareceu em longo discurso, classificando de "terrorismo" o que a publicação faz.

Segundo a revista, que adiantou sua publicação para esta sexta, o doleiro Alberto Youssef disse em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, no seu processo de delação premiada, que Dilma e o ex-presidente Lula tinham conhecimento do esquema de desvio de dinheiro na Petrobras.

"Não posso me calar frente a esse ato de terrorismo eleitoral articulado pela revista 'Veja' e seus parceiros ocultos. Uma atitude que envergonha a imprensa e agride a nossa tradição democrática. Sem apresentar nenhuma prova concreta e mais uma vez baseando-se em supostas declarações de pessoas do submundo do crime a revista tenta envolver diretamente a mim e ao presidente Lula nos episódios da Petrobras, que estão sob investigação da Justiça", afirmou a presidente logo no início da fala.

O discurso (assista abaixo) foi mostrado logo após o apresentador narrar uma série de capas que a "Veja" publicou com reportagens contra o PT em eleições anteriores. A capa da edição desta sexta, porém, não foi mostrada.

Segundo a presidente, "todo mundo sabe da campanha sistemática que a revista move há anos". "É uma tentativa de intervir de forma desonesta no resultado das eleições", disse Dilma, citando que as últimas pesquisas de intenções de voto mostram a clara vantagem dela sobre o tucano na corrida presidencial.

"Com das outras vezes, [a revista] vai fracassar no seu intento criminoso. A Justiça livre desse país seguramente vai condená-la por esse crime. Ela e seus cúmplices vão falhar. O povo brasileiro é inteligente para discernir a mentira da verdade", continuou Dilma.

"O povo brasileiro dará a resposta à 'Veja' e seus cúmplices nas urnas, e eu darei a resposta a eles na Justiça." O programa foi encerrado com imagens de Dilma e Lula em discursos em carreatas pelo país.

Na Carta ao Leitor da edição, a "Veja" destaca seu "dever jornalístico" de publicar a reportagem. "Veja não publica reportagens com a intenção de diminuir ou aumentar as chances de vitória desse ou daquele candidato. Veja publica fatos com o objetivo de aumentar o grau de informação de seus leitores sobre eventos relevantes, que, como se sabe, não escolhem o momento para acontecer.

Procurado pela Folha, Eurípedes Alcântara, diretor de Redação da revista, respondeu por e-mail. Confira a íntegra abaixo:

A RESPOSTA DE VEJA

A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, ocupou parte de seu horário eleitoral para criticar VEJA, em especial a reportagem de capa desta semana. Em respeito aos nossos leitores, VEJA considera essencial fazer as seguintes correções e considerações:

1) Antecipar a publicação da revista às vésperas de eleições presidenciais não é exceção. Em quatro das últimas cinco eleições presidenciais, VEJA circulou antecipadamente, no primeiro turno ou no segundo.

2) Os fatos narrados na reportagem de capa desta semana ocorreram na terça-feira. Nossa apuração sobre eles começou na própria terça-feira, mas só atingiu o grau de certeza e clareza necessária para publicação na tarde de quinta-feira passada.

3) A presidente centrou suas críticas no mensageiro, quando, na verdade, o cerne do problema foi produzido pelos fatos degradantes ocorridos na Petrobras nesse governo e no de seu antecessor.

4) Os fatos são teimosos e não escolhem a hora de acontecer. Eles seriam os mesmos se VEJA os tivesse publicado antes ou depois das eleições.

5) Parece evidente que o corolário de ver nos fatos narrados por VEJA um efeito eleitoral por terem vindo a público antes das eleições é reconhecer que temeridade mesmo seria tê-los escondido até o fechamento das urnas.

6) VEJA reconhece que a presidente Dilma é, como ela disse, "uma defensora intransigente da liberdade de imprensa" e espera que essa sua qualidade de estadista não seja abalada quando aquela liberdade permite a revelação de fatos que lhe possam ser pessoal ou eleitoralmente prejudiciais.

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