Folha de S. Paulo


Doleira presa com dinheiro na calcinha é condenada a 18 anos de prisão

A Justiça Federal no Paraná condenou nesta quarta-feira (22) a doleira Nelma Kodama a 18 anos de prisão por crimes financeiros. Ele foi presa em março numa operação da Polícia Federal paralela à Lava Jato, chamada Dolce Vita, por causa do gosto dela por luxo e glamour.

A doleira usava e-mails com os nomes das atrizes Greta Garbo, Cameron Diaz e Angelina Jolie.

Outras sete pessoas que atuavam com Nelma também foram condenados a penas menores.

Nelma é amiga do doleiro Alberto Youssef, principal réu da Operação Lava Jato, e foi presa quando tentava embarcar para a Itália com 200 mil euros em dinheiro, escondidos na calcinha.

A acusação não encontrou negócios entre Nelma e Youssef.

Ela foi condenada por cinco crimes: evasão de divisas, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, operação de instituição financeira irregular e integrante de organização criminosa.

O Ministério Público Federal pedia a condenação dela a 47 anos de prisão, pela prática de sete crimes.

Segundo a investigação, o esquema de Nelma contava com empresas de fachadas e contas em nome de empresas no exterior. O grupo enviava recursos para fora do país por meio de importações forjadas –o dinheiro ia para fora, mas nenhum produto vinha para o Brasil.

Foi identificada, também, a participação de um funcionário do Banco do Brasil, que permitia a movimentação de contas com dinheiro sem origem. O BB demitiu o gerente que ajudava o grupo.

A investigação identificou movimentações financeiras no volume de R$ 221 milhões, entre 2012 e 2012, por meio de contas correntes de empresas de fachada.

Kodama costumava referir-se a si própria como "a última grande dama do mercado" paralelo de dólares.

O juiz decretou, na sentença, o confisco de patrimônio identificado como resultado de crime, como dinheiro em contas correntes, um Porsche e doze obras de arte, entre quadros de Di Cavalcanti, Cícero Das e Heitor dos Prazeres.

Cabe recurso contra a sentença. Com exceção de Nelma e de uma auxiliar, os demais réus poderão recorrer em liberdade.

OUTRO LADO

O advogado de Nelma Kodama, Marden Maués, criticou a pena aplicada à cliente.

"Essas penas elevadas para réus que não colaboram com a Justiça ou que não saibam de fatos que possam ajudar nas investigações são uma forma de reprimenda. Aqui no Paraná, delação premiada deveria se chamar extorsão premiada. Se falar o que eles querem ouvir, o réu vai para a rua. Se não falar, pega muitos anos de prisão."

Maués disse que vai recorrer porque a pena "não segue qualquer parâmetro legal".

Ainda segundo o advogado, sua cliente já teve todas as contas bancárias bloqueadas e seus bens sequestrados.


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