Folha de S. Paulo


Disputas entre petistas e tucanos nos Estados copiam embate nacional

Nos únicos dois Estados com embate entre PT e PSDB neste segundo turno –Acre e Mato Grosso do Sul–, os candidatos repetem estratégias da campanha nacional de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), e reforçam a polarização entre os partidos.

Bordões como "a esperança que vencerá o ódio" e "a onda da mudança" são usados à exaustão. Há casos em que as campanhas chegam a copiar, literalmente, comerciais nacionais do partido, mas com mensagens locais.

Em Mato Grosso do Sul, o petista Delcídio Amaral, que antes pouco explorava o partido e se dizia "o governador de todos", voltou a apostar no vermelho e no 13 (cor e número do PT) em seu material de campanha.

Hoje, ele diz que a eleição é "um embate entre ricos e pobres". "Agora, é plebiscito. O que está em disputa é um projeto de país", disse Delcídio à Folha.

Sergio Lima/Folhapress/Divulgação
Delcídio Amaral (à esq.) e Reinaldo Azambuja, que disputam o governo de MS
Delcídio Amaral (à esq.) e Reinaldo Azambuja, que disputam o governo de MS

No programa de TV do petista, apresentadores afirmam: "Você tem dois caminhos a escolher: o candidato dos ricos, dos poderosos, ou o que já provou que sabe cuidar dos que mais precisam".

Delcídio aposta na comparação de biografias, assim como faz Dilma com Aécio.

Enquanto o petista é apresentado como "experiente, preparado e estudado", o adversário tucano Reinaldo Azambuja é "alguém que sempre teve tudo na vida" e que "passou a vida nas suas fazendas" -quase um bon-vivant, tal como Aécio é retratado na propaganda de Dilma.

Do outro lado, Azambuja, produtor rural, explora a "onda da mudança".

Acusado de ser "da elite" pelo adversário, o ex-prefeito de Maracaju (MS) e deputado federal diz representar "a nova política", um bordão herdado de Marina Silva (PSB).

Uma de suas principais promessas é combater a corrupção, numa forte oposição aos petistas.

"É inaceitável um governo que aceita a corrupção como é o do PT", afirma uma de suas vinhetas, que prossegue: "A cúpula do partido está presa numa penitenciária".

Em toda a campanha, o candidato não economizou críticas ao "governo federal do PT", criticando a falta de investimentos em saúde, segurança e infraestrutura.

"O adversário é o mesmo. É uma polarização de mudança versus continuidade", afirma o marqueteiro de Azambuja, Rodrigo Mendes.

VERMELHO X AZUL

No Acre, enquanto a campanha do governador Tião Viana abusa do vermelho, o adversário Márcio Bittar (PSDB) conclama os eleitores para entrarem na "onda azul da mudança".

Se no primeiro turno, Bittar já exibia Aécio, agora ele colou sua imagem ao senador mineiro. Funde letras do seu nome ao de Aécio e usa novo jingle: "Márcio aqui e Aécio lá".

As denúncias de corrupção na esfera federal, exploradas no primeiro turno da campanha tucana, deram lugar ao esforço de "desmentir boatos de que o PSDB acabará com o Bolsa Família", disse o coordenador de marketing de Bittar, Cid Farias.

Um dos comerciais é cópia fiel de peça da campanha de Aécio. Mostra um personagem ouvindo cochichos de pessoas, que seriam petistas, de que os tucanos acabariam com programas sociais. Na versão acriana, além do Bolsa Família, os sussurros citam que funcionários serão demitidos –o que, segundo o PSDB, é um boato espalhado por adeptos de Viana.

Veja vídeo

Veja vídeo

Já o governador do PT, sempre vestido de vermelho, segue diretrizes da campanha nacional. Na saúde, por exemplo, diz que levará ao Estado mais 400 especialistas –proposta baseada no programa de Dilma, que prometeu o programa "Mais Especialidades".

A propaganda de Viana diz que a oposição mostrou que "faz política com ódio" –na esteira do novo slogan da campanha nacional petista "A esperança venceu o medo e vai vencer o ódio".


Endereço da página:

Links no texto: