Folha de S. Paulo


PT usa falta de água em São Paulo contra Aécio

A crise da falta de água em São Paulo é a nova aposta da campanha de Dilma Rousseff para minar a candidatura de Aécio Neves (PSDB) nesta última semana antes da votação do segundo turno. A estratégia é usar o tema para tentar tirar votos do tucano em todo o país.

O tema foi explorado nos programas de TV da petista no domingo (19) e na segunda (20) e também em debates –sempre procurando associar a imagem dos tucanos a falhas de planejamento que acabam prejudicando a população.

As críticas à crise hídrica tomaram mais da metade (5,37 minutos) do programa de TV de domingo da petista. Na segunda, foram 4,31 minutos.

Logo na abertura, a presidente diz que é preocupante e triste saber que os brasileiros que vivem em São Paulo passam por uma crise de falta de água sem precedentes em sua história. O PSDB governa o Estado de São Paulo há quase 20 anos.

Dilma diz que está falando de um problema alertado há dez anos, que poderia ter sido evitado com obras. Afirma ainda que a crise hídrica paulista é um exemplo do modelo tucano de governar.

A decisão de explorar a falta de água foi definida pela equipe do PT neste segundo turno diante do agravamento do problema no Estado, com queda no nível dos reservatórios e risco de escassez nas próximas semanas.

Pesquisas internas do comitê dilmista mostraram que a população que reelegeu o governador Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno, sem dar peso significativo à crise hídrica, passou a se preocupar com o assunto e associá-lo a um "problema administrativo".

Além disso, as temperaturas elevadas registradas em São Paulo até o último domingo, segundo o comitê da petista, aumentaram o desconforto da população, que teria ainda ficado mais sensível ao tema da falta de água.

O programa de domingo de Dilma relacionou a crise hídrica ao apagão de luz de 2001, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Foi mais uma tentativa de acusar os tucanos de falhas de planejamento.

Em visita à Serra da Piedade, em Caeté (MG), Aécio Neves buscou se defender das críticas do PT, atribuindo o agravamento da crise da água em São Paulo à ausência de apoio do governo federal ao Estado.

O presidenciável do PSDB afirmou que, uma vez eleito, vai intensificar as parcerias com os Estados.

"Talvez o que tenha faltado seja uma parceria maior do governo federal. Por exemplo: a Agência Nacional de Águas (ANA), criada no governo Fernando Henrique Cardoso, se não tivesse no governo do PT servido a outros fins. Nós nos lembramos bem quais foram as indicações, os critérios para se ocupar cargo de diretoria da ANA. Ela poderia ter sido uma parceira maior do governador [Alckmin]".

Em São Paulo, Dilma, em entrevista concedida na segunda no fim do dia, rebateu o tucano: "Não acredito que as estruturas do governo do Estado possam atribuir a nós qualquer responsabilidade ou qualquer omissão na ajuda. Nós ajudamos em todas as circunstâncias".

Colaboraram PAULO PEIXOTO, enviado especial a Caeté (MG), e GABRIELA TERENZI, de São Paulo


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