Folha de S. Paulo


Análise: Economia e educação impulsionam Dilma

O equilíbrio na disputa pela Presidência continua, mas a inversão numérica entre Dilma e Aécio desloca a atenção para as próximas pesquisas. O quadro pode configurar o início de uma tendência pró-reeleição, assim como apenas oscilações dentro da margem de erro.

Nesses casos, garimpar dados nos cruzamentos dos resultados pode trazer algumas pistas do que motivou esse movimento.

Em menos de uma semana, a presidente cresceu em quase todos os segmentos do eleitorado, exceto entre os mais ricos e habitantes da região Sul. Pelo perfil socioeconômico e demográfico dos pontos conquistados nesse espaço de tempo, seu desempenho melhorou especialmente entre os jovens e integrantes da classe média.

Mas nada se compara ao peso dos cinco pontos percentuais conquistados no Sudeste, onde ela concentrou esforços nos últimos dias.

Aécio demonstra tendência oposta –perdeu pontos em vários estratos, especialmente nos níveis médios de escolaridade e renda.

Com as movimentações mais intensas nesses subconjuntos, conclui-se que as variações dos últimos dias concentram-se nos setores da classe média que mais cresceram ao longo dos 12 anos de gestão petista.

A classe média intermediária que vinha dividida, equilibrando uma disputa cristalizada nos extremos (pró-oposição entre os mais ricos e pró-governo entre os mais pobres), parece neste momento pender mais à reeleição de Dilma.

Ao se combinar ensino médio e renda familiar de até cinco salários mínimos, características que marcam o estrato, Dilma alcança 53% dos votos válidos, ante 47% de Aécio. Na pesquisa da semana passada, essas taxas correspondiam a 48% e 52%, respectivamente. Houve, portanto, uma inversão nas intenções de voto nesse segmento que representa a maior fatia do eleitorado, 35%.

Além dos excluídos (baixas renda e escola), esse é o único segmento de classificação socioeconômica em que Dilma aparece, mesmo que numericamente, à frente de Aécio. Em todos os outros, é o tucano que lidera.

editoria de arte/folhapress

Filho da inclusão da era Lula, esse setor da classe média vai se tornando mais sensível ao discurso da comparação entre as gestões do PT e os governos tucanos.

E não significa apenas o embate raso entre a candidata dos pobres e o candidato dos ricos. Esse imaginário já é comum e majoritário em todos os segmentos do eleitorado e parece ter peso relativo na composição do voto de diversos estratos.

A diferença está no fato de que esse subconjunto, mais que os outros da classe média, enxerga na candidata do PT, mais que no do PSDB, melhor preparo para administrar as duas principais áreas que lhe renderam ascensão social nos últimos anos –a educação e a economia.

Não é possível dizer ainda, com segurança se o sentimento desse contingente permanecerá estável ou não até domingo. Dependendo da estratégia de comunicação adotada pelas campanhas a partir de agora e no último debate, ele pode ser anulado ou, ao contrário, se intensificar.

Parte desses eleitores se mostra volúvel. No grupo, entre os 47% que escolhem Dilma, 3% não se mostram convictos. A taxa é de 4% entre os 41% que optam por Aécio.

Editoria de arte/Folhapress

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