Citado como funcionário fantasma por Aécio Neves (PSDB), Igor Rousseff, 67, irmão mais velho da presidente Dilma, é vítima da "covardia do jogo político" no país.
A afirmação é do médico Pedro Rousseff, filho de Igor e sobrinho de Dilma, que a Folha localizou nesta sexta-feira (17) em Passa Tempo, a 147 km de Belo Horizonte.
"A sorte da Dilma é que a gente não dá trabalho para ela", diz Pedro sobre a polêmica familiar na campanha.
Nesta quinta (16), em debate do SBT/UOL/Jovem Pan, Aécio acusou Igor de ter sido funcionário fantasma em BH, quando Fernando Pimentel (PT) era prefeito e Dilma, ministra do governo Lula.
| Prefeitura de Ouro Preto/Divulgação | ||
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| Igor Roussef, irmão da presidente Dilma Rousseff |
A declaração de Aécio foi uma resposta a acusações de nepotismo feitas por Dilma sobre a irmã e parentes do tucano contratados em sua gestão em Minas (2003-2010).
Igor foi assessor especial do prefeito de setembro de 2003 a dezembro de 2004. Entre março de 2005 e dezembro de 2008 foi assessor na Secretaria de Planejamento.
"O que aconteceu [no debate] foi uma covardia do jogo político. Foi uma apelação, e sem nenhuma prova", acrescentou Pedro.
Igor e a mulher, Valquíria, estão em férias no Rio. A reportagem não conseguiu falar com ele nesta sexta (17).
VIDA DE INTERIOR
Passa Tempo tornou-se refúgio de parte dos Rousseff há ao menos 25 anos.
Igor conheceu a cidade por meio de um amigo. Gostou e foi ficando. Sua segunda mulher, que trabalha na prefeitura local, é passatempense. Eles vivem numa casa simples, sem proteção, numa rua de pedra. Na garagem, o Fusca amarelo que costuma usar.
A única referência a Dilma é um pequeno adesivo de campanha no portão da garagem.
O filho Pedro, que também atua como médico na cidade, tem uma casa na mesma rua. Os finais de semana de pai e filho geralmente são em Passa Tempo.
Entre os moradores locais, o irmão de Dilma é visto como uma pessoa discreta e de pouco papo. Nesta sexta (17), o nome dele surgiu em algumas poucas rodas pela cidade, sobretudo no Radium, o principal bar da cidade, na praça central.
Mas a grande maioria das pessoas encontradas pela reportagem ignorava o debate e a acusação de Aécio.
"Ele é sistemático e calado. Não é muito de grupinho", afirma Roberto Alvin, que conhece Igor há pelo menos 15 anos.
Pedro classifica o pai como um sujeito "versátil". Advogado, ele já estudou história, jornalismo e hotelaria, e aprendeu a pilotar aviões -quase tirou a habilitação para aeronaves, segundo o filho.
Na ditadura, quando Dilma se engajou na resistência, Igor deixou o Brasil, passando uma temporada nos EUA.
Pedro Rousseff conta que essa é a parte mais "chata" da política. Como exemplo, ele relata as brincadeiras que o filho adolescente sofreu na escola em Belo Horizonte, nesta sexta (17).
A declaração de Aécio sobre o irmão da Dilma repercutiu, e os colegas de escola do jovem fizeram troça, dizendo que seu avô recebia sem trabalhar.
"Papai é muito pacato, não sei se ele vai tomar alguma medida [judicial] pela calúnia", concluiu
EVIDÊNCIAS
Questionada, a Prefeitura de BH não informou sobre tarefas e regime de trabalho de Igor Rousseff.
O comitê de Aécio Neves também não apesentou as evidências de que o irmão da presidente teria recebido salários sem trabalhar. Informou que a denúncia chegou por meio de funcionários da prefeitura, que afirmaram nunca tê-lo visto.
Pimentel, governador eleito de Minas, disse que a declaração de Aécio foi "equivocada e maldosa".
"O advogado Igor Rousseff desempenhou as suas funções com extrema correção, com regularidade, sempre compareceu e foi um excelente funcionário. Não tenho qualquer reparo a fazer ao desempenho dele", disse.
Para Pimentel, Igor é "pessoa muito discreta". "Ele jamais se apresenta como irmão e nem como parente da presidenta Dilma. Trabalhou conosco e nos deu muito orgulho tê-lo ao meu lado como funcionário qualificado que foi e que é", completou.
| Lucas Ferraz/Folhapress | ||
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| Casa de Igor Rousseff em Passa Tempo (MG) |