O debate desta quinta (16) sedimentou uma percepção que era incipiente em 2010: vivemos uma eleição da internet. Só que, exatamente como ocorre na realidade virtual da rede, isso não é uma boa notícia.
Aécio Neves e Dilma Rousseff protagonizaram um embate igualzinho àquele que seus apoiadores travam no Facebook e no Twitter todo santo dia. Só faltou apontarem características físicas um do outro em deboche.
Não se trata aqui do mérito dos temas levantados, alguns muito sérios, outros nem tantos.
O problema é mais de forma, e isso também decorre do formato dos debates, sem mediação ou perguntas externas. Assim, temos a emulação do que ocorre nas redes sociais: uma repetição infinita de acusações retroalimentadas.
Como naqueles mapinhas que identificam para quem falam as pessoas e como ecoam suas ideias no Twitter ou no Facebook, o candidato sobe numa caixa de sabão e fala para seu séquito, que aplaude de volta ou xinga quando o adversário se manifesta. Não há o debate, não há intercâmbio aferível que não seja sobre quem se sai melhor sob pressão, qual "pegadinha" vai poder ser usada na TV depois.
Ressalve-se que política também é isso, e parte de sua graça é exatamente o embate pessoal entre personalidades díspares. Quem lembra da esgrima entre Paulo Maluf, Mário Covas, Leonel Brizola e outros que o diga.
Mas é preciso mais que isso.
A revolução proporcionada pela internet, no qual fatos podem ser checados instantaneamente e visões confrontadas com cliques, acaba subvertida pela propaganda ideológica unidirecional. Quem votava no PT, vai continuar votando. Apoiador do PSDB não mudou de lado.
Indecisos? Bom, não parece que essa parcela seja facilmente seduzida pela troca de impropérios e acusações.
A resultante é que um instrumento potencialmente formidável para a democracia acaba servindo para a desinformação. A rede social, inventada também para absorver as experiências da vida real, se torna cada vez mais o modelo para o que acontece aqui fora.
