Folha de S. Paulo


Em debate, Aécio defende irmã mais velha e acusa Dilma de nepotismo

Após troca acalorada de acusações durante o primeiro bloco do debate promovido por SBT, UOL e Jovem Pan nesta quinta-feira (16), o presidenciável Aécio Neves (PSDB) acusou Dilma Rouseff (PT) de nepotismo pelo emprego de seu irmão, Igor Rousseff, na prefeitura de Belo Horizonte durante a gestão de Fernando Pimentel (PT).

A declaração aconteceu depois que Dilma repetiu, pela segunda vez, que o tucano havia empregado parentes no governo de Minas Gerais.

"A senhora gosta de falar de parentes. No meu governo, me ajudou muito a minha irmã, Andréa [Neves], figura extraordinária. Ela assumiu o serviço de voluntariado do Estado de Minas Gerais, me ajudou a coordenar a área de comunicação sem remuneração. Nas enchentes, nas catástrofes, era ela quem mobilizava empresários, as igrejas para resolver o problema das pessoas mais simples, por isso eu me orgulho muito da Andréa ser a minha companheira", disse o ex-governador.

"Agora, candidata, a senhora conhece Igor Rousseff, seu irmão foi nomeado pelo prefeito Fernando Pimentel no dia 20 de setembro de 2003, e nunca apareceu para trabalhar, candidata. Essa é a grande verdade, lamento ter que trazer esse tema aqui, a diferença entre nós é que a minha irmã trabalha muito e não recebe nada, o seu irmão recebe e não trabalha nada", atacou.

Igor Rousseff, irmão único de Dilma, foi designado assessor especial do gabinete do prefeito de Belo Horizonte em setembro de 2003, sob a gestão de Pimentel. Quando se desligou da prefeitura, em 31 de dezembro de 2008, ele ocupava o cargo de assessor especial da Secretaria Municipal de Orçamento e Planejamento.

"Infelizmente agora nós sabemos por que a senhora disse que não nomeou parentes no seu governo. A senhora pediu que os seus aliados o fizessem, candidata Dilma Rousseff", concluiu.

Aécio ainda comparou as críticas da presidente à campanha do ex-presidente Fernando Collor.

"Sempre tive um cuidado muito grande de respeitar as pessoas, respeitar os adversários. Nós tivemos, no passado não muito remoto, um episódio muito triste na política brasileira, quando o candidato Fernando Collor trouxe para o meio do debate político, de forma absolutamente irresponsável, uma parente do ex-presidente Lula", disse.

Em 1989, na primeira campanha presidencial após a redemocratização do país, Collor e Lula disputavam o segundo turno. O ex-governador de Alagoas levou a sua propaganda eleitoral o depoimento de uma ex-namorada de Lula, Miriam Cordeiro, que acusou o líder sindicalista de incitá-la a fazer o aborto de sua filha, Lurian, à época com 15 anos. A história foi posteriormente desmentida por uma assessora de Collor.

Ao final do debate, o vice na chapa tucana, Aloysio Nunes, disse que da parte do Aécio não houve ataque pessoal. "Foi uma critica contundente ao governo federal. O caso do irmão tem que ser divulgado, saiu no Diário Oficial."

CORRUPÇÃO

O tema da corrupção dominou o primeiro bloco do debate, com acusações vindas de ambos os candidatos.

Aécio iniciou a discussão questionando a presidente qual era sua responsabilidade pelos escândalos delatados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

A petista replicou dizendo que sua responsabilidade era investigar, processar e punir, por meio da Polícia Federal, Ministério Público e do Judiciário.

"Onde estão os corruptos da compra de votos para a reeleição? Todos soltos. Onde estão os corruptos do metrô de São Paulo, e dos trens? Todos soltos. Onde estão os corruptos da 'pasta rosa'? Todos soltos. Onde estão os corruptos do processo Sivan? Todos soltos. Onde estão os corruptos da 'privataria tucana'? Aquela do limite da irresponsabilidade. Todos soltos", atacou.

Aécio defendeu seu partido afirmando que todos esses casos. "Eu acredito em nossas instituições. Todos esses casos foram investigados."

"Se a senhora acha que houve tantos crimes cometidos no governo do PSDB, a senhora lista aqui vários deles, vocês governaram o Brasil por 12 anos, candidata, por que a senhora não investigou, por que a senhora não fez novas denúncias? Porque não existia o que investigar", disse.


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