Folha de S. Paulo


Derrotados nas urnas, Suplicy e Simon discursam em plenário esvaziado

Derrotados nas urnas, os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Pedro Simon (PMDB-RS) dividiram o esvaziado plenário do Senado nesta quarta-feira (15) para fazer discursos políticos antes de deixarem o Congresso após mais de 20 anos de mandatos no Legislativo. Apenas quatro senadores, incluindo os dois, participaram da sessão plenária desta tarde, já que os senadores estão liberados para fazer campanha nas eleições até o segundo turno.

Simon, que não se reelegeu ao Senado pelo Rio Grande do Sul, fez duras críticas ao PT e pediu votos para Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência. Depois de apoiar Marina Silva (PSB) no primeiro turno, Simon disse que o PT será "refundado" e vai se tornar "melhor" se retornar à oposição em 2015, sem reeleger Dilma.

"A dona Dilma agora aparece na televisão e ela é a mudança. Depois de doze anos, ela é a mudança. Depois de doze anos em que fizeram o que quiseram e o que não quisera, ela é a mudança. Ora, vamos nos dar o respeito", atacou.

Simon disse que o PT vive o "drama" de não ter se comportado como devia no governo e, apesar de ter priorizado a área social em suas gestões na Presidência, tem um "lado negativo muito duro" com as denúncias de corrupção.

"A presidente, até hoje, não demitiu os diretores da Petrobras. Ela não tem coragem, não tem peito, não tem nem força para tirar um acusado de corrupção da Petrobras. (...) Está na hora de terminar. E terminar significa votar no Aécio, que quis o destino que isso acontecesse", afirmou Simon.

Apesar de ser do PMDB, partido aliado de Dilma, Simon é um dos senadores considerados "independentes" no Congresso. O peemedebista havia desistido de se candidatar ao Senado, mas acabou disputando a reeleição depois que Beto Albuquerque (PSB-RS) passou a integrar a chapa de Marina Silva (PSB) à Presidência disputando a vice.

Beto concorreria ao Senado, mas foi substituído por Simon depois que Marina se tornou candidata à Presidência com a morte de Campos. O senador peemedebista disse que não se importa com a derrota, uma vez que sua decisão era deixar a vida pública.

"Sair na euforia, na festa da vitória, ou sair na euforia de sair porque chega. Eu saio com uma derrota que não me preocupa", disse.

Aliado de Dilma, Suplicy ouviu calado o discurso de Simon, de quem é amigo pessoal. O petista preferiu discursar em defesa do Instituto Butantã, de São Paulo, mas defendeu voto na presidente.

"Espero continuar, nos próximos dias, o debate com o senador Pedro Simon e demais senadores, inclusive sobre a sucessão presidencial. Eu aqui reitero o meu empenho para que seja reeleita a querida presidente Dilma", afirmou o petista.

Suplicy discursou na semana passada no plenário, depois das eleições, para dizer que deixou sua campanha à reeleição com uma dívida de R$ 500 mil. Emocionado, o petista disse que foi o primeiro representante do partido no Senado e ficou conhecido no país por defender a bandeira da renda básica de cidadania.

Simon e Suplicy têm mandato até o dia 31 de janeiro, mas o Congresso entra em recesso legislativo em dezembro antes do início da nova legislatura em 2015 –o que, na prática, encerra as atividades dos senadores no Legislativo ainda este ano.


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