Folha de S. Paulo


Aécio diz não ter 'ciência' de gastos com rádio, mas 'estimula' divulgação

Embora afirme desconhecer os valores de publicidade governamental destinados a veículos de comunicação comandados por sua família durante o período em que governou Minas Gerais, o presidenciável Aécio Neves (PSDB) disse que 'estimula' a gestão mineira a revelar as quantias.

O governo de Minas Gerais se recusou várias vezes nos últimos anos a divulgar informações sobre as despesas, feitas de 2003 a 2010.

Aécio e sua família controlam a rádio Arco Íris, retransmissora da Jovem Pan em Belo Horizonte, e as rádios São João e Colonial, de São João del Rei, além do semanário "Gazeta de São João del Rei". Aécio é sócio da Arco Íris com a irmã mais velha, Andrea, e a mãe, Inês Maria Neves Faria.

"Quanto a esses números, obviamente, eu não tenho ciência a respeito deles, mas eu estimulo o governo de Minas, se ele tiver acesso e condição, que os dê, não tem o menor problema", afirmou, em conversa com jornalistas na produtora que grava vídeos para sua campanha, nesta terça-feira (14), na zona sul de São Paulo.

"Na questão da publicidade, é muito bom que se possa dizer isso aqui, eu atendi a uma reivindicação do sindicato das rádios do interior de Minas Gerais e todas as mais de 300 rádios, sem exceção, tiveram exatamente o mesmo número de publicidades, o mesmo número de inserções", afirmou, acrescentando que não houve "discriminação ou privilégio a quem quer que seja".

"Inclusive o PT, lá atrás, fez uma ação em relação a isso e essa ação foi arquivada pelo Ministério Público, houve um recurso, inclusive, para o Conselho Nacional do Ministério Público, que por unanimidade arquivou, porque não houve qualquer irregularidade", completou.

Em 2011, o PT pediu que o Ministério Público investigasse a publicidade nas empresas da família. O governo mineiro informou à Folha na época que a rádio Arco Íris recebera R$ 210.693 no ano anterior e disse que faria um levantamento detalhado sobre os gastos desde 2003, mas jamais ofereceu esses dados.

Em junho deste ano, a Folha voltou a questionar o Estado, com base na Lei de Acesso à Informação. Não houve resposta. O governo só respondeu após um segundo pedido de informações. "Não dispomos, de pronto, das informações tal como solicitadas, por tipo de mídia e por veículo de comunicação", disse, por escrito. "O sistema não é organizado dessa forma".

A administração diz ter condições de saber quanto gasta com as agências que cuidam dos seus anúncios, mas não os valores repassados a cada veículo que os divulga.

MARINA

Na produtora, Aécio desconversou quando foi questionado se a ex-presidenciável Marina Silva (PSB) gravaria uma programa de TV ao lado do tucano. Terceira colocada na disputa do primeiro turno, Marina formalizou, no domingo (12), apoio a Aécio.

"Eu sou um homem extremamente feliz por ter recebido o apoio da Marina de forma espontânea, refletida, sei que não deve ter sido uma decisão fácil para ela, já que ela representa um conjunto de pensamento da sociedade que não era o mais próximo a nós, mas ela tomou uma decisão a favor do Brasil. Outras etapas virão, mas não cabe a mim cobrar absolutamente nada", afirmou.

"Eu não podia querer que, exatamente uma semana depois das eleições, no primeiro turno, eu pudesse ter algo mais do que tive até aqui".

Após a entrevista, Aécio conduziu os jornalistas de vídeo pela produtora. Em uma das salas, aliados e simpatizantes assinam mensagens de apoio ao tucano. Em meio a frases positivas, uma diz: "Dilma, a espada katana te espreita! Pelas mãos de Sérgio Mastrocola" –referência ao diretor de fotografia que trabalha para a campanha tucana.

Aécio está em empate técnico com a presidente Dilma Rousseff (PT) nas intenções de voto da disputa eleitoral.


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