Folha de S. Paulo


Na volta do horário eleitoral, Dilma e Aécio buscam se associar à mudança

No primeiro horário eleitoral do segundo turno, veiculado nesta quinta-feira (9), os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) se utilizaram da mesma estratégia e buscaram associar seus nomes à ideia de mudança.

A presidente abriu seu programa com o slogan "governo novo, ideias novas".

A propaganda petista tentou associar Aécio ao governo de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), que "privatizou o patrimônio público a preço de banana, que se curvou ao FMI [Fundo Monetário Internacional], que esqueceu os mais pobres", nas palavras de Dilma.

Aécio, assim, torna-se símbolo de um passado mais antigo que os 12 anos de gestão federal do PT.

A petista diz reconhecer que a qualidade da saúde, educação e segurança "deixa muito a desejar" e que há "dificuldades momentâneas na economia" e que, por isso, implantará medidas novas em uma eventual reeleição.

Dilma citou, entre as novas políticas, um controle "ainda com mais firmeza" da inflação, "mas sem produzir desemprego nem arrocho salarial". Foi uma das sinalizações mais enfáticas da petista ao mercado na propaganda eleitoral.

A presidente voltou a usar o azul, que ela adotou no começo do primeiro turno, mas que abandonou na reta final. Trocou pelo vermelho, cor adotada nos últimos programas e debates.

Ao aparecer em seu programa, Aécio Neves afirmou que a vitória no primeiro turno foi da "imensa vontade de mudança do brasileiro".

"A quem não votou em mim, mas voltou na mudança, seja bem vindo", disse o tucano, em sinalização especialmente aos eleitores de Marina Silva (PSB), de quem busca herdar votos.

Ao final do programa, um locutor questiona: "O que é melhor: mudar com Aécio ou ficar com Dilma?".

O horário eleitoral será veiculado diariamente até 24 de outubro, em dois blocos de 20 minutos. Na TV, vai ao ar às 13h e às 20h30 e, no rádio, às 7h e às 12h. O tempo será dividido igualmente pelos dois candidatos: dez minutos para Dilma e dez para Aécio.

APOIOS

Dilma e Aécio também exibiram seus apoios políticos para se promoverem no horário eleitoral.

A petista levou governadores eleitos de sua base aliada para defender o voto no PT no segundo turno. O maior destaque foi dado a Fernando Pimentel (PT), recém-eleito para o governo mineiro.

"Tivemos uma esplêndida vitória em Minas Gerais. Minha, mas da presidente Dilma, principalmente. Tivemos mais votos em Minas, território do adversário", disse o ex-ministro.

Também aparecem na propaganda os governadores eleitos Rui Costa (PT-BA), Tião Viana (PT-AC), Renan Filho (PMDB-AL), Kátia Abreu (PMDB-TO), entre outros.

Já a propaganda do PSDB mostrou imagens dos apoios políticos recebidos por Aécio durante a semana, como os dos presidenciáveis Pastor Everaldo (PSC) e Eduardo Jorge (PV) e de siglas como o PSB e o PPS.

Em discursos, todos destacaram que o tucano era o "candidato da mudança".

O MUNDO DÁ VOLTAS

Aécio também buscou reforçar sua biografia na propaganda eleitoral. Logo na abertura da propaganda, um ator fez um paralelo entre o tucano e seu avô, Tancredo Neves.

"Olha como o mundo dá voltas. Há 30 anos, quando o Brasil sofria uma cruel ditadura e pedia por mudanças, o mineiro chegou e disse que se os brasileiros deixassem as diferenças de lado e se unissem sob uma mesma bandeira, nada poderia detê-los", afirma.

A propaganda faz um paralelo entre a transição democrática e o momento atual do Brasil.

"Tancredo Neves mostrou que nada é impossível quando o governo está unido. Hoje, 30 anos depois, justo quando o Brasil mais precisa, aparece um outro mineiro, e neto de Tancredo, pra denunciar o que está errado e fazer a grande mudança que o Brasil precisa. Coincidência, né?", diz o apresentador.


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