Folha de S. Paulo


Grupo de Marina diz que nem Aécio nem Dilma representam a mudança

Candidata derrotada na disputa à Presidência da República, Marina Silva enfrenta uma resistência dentro de seu próprio grupo político à sua proposta de apoiar a candidatura de Aécio Neves (PSDB) no segundo turno.

Diferentemente de PSB e PPS, que já anunciaram a adesão ao tucano, a Rede Sustentabilidade tem mantido reuniões constantes nos últimos dias e, na manhã desta quinta (9), divulgou nota em que afirma que nem Aécio nem Dilma Rousseff (PT) representam soluções satisfatórias para o desejo de mudança da sociedade.

Apesar disso, o grupo libera os militantes para escolher entre Aécio, o voto nulo, branco ou a abstenção.

Marina adiou o anúncio de apoio à candidatura tucana, antes previsto para a manhã desta quinta, mas segundo aliados deve seguir na direção indicada desde domingo, mesmo com as resistências internas.

Para isso, exige que Aécio se comprometa –não só com ela, mas "com a sociedade"– com pontos de seu programa como o fim da reeleição, a educação em tempo integral, o aumento de investimentos na saúde, a defesa da pauta indigenista, entre outros pontos.

"Há setores da Rede que ainda consideram que o processo de polarização [entre PT e PSDB na administração federal] é perverso, altamente perverso, e, portanto, discordam do apoio a qualquer dos candidatos da polarização", afirmou Walter Feldman, que é da Rede e coordenou a campanha de Marina.

Na longa nota divulgada nesta quinta, o grupo de Marina relembra as propostas da candidata e afirma, no final, que os militantes estão liberados para escolher, entre o voto branco, nulo ou em Aécio, "qual dessas alternativas as propostas de mudança qualificada, expressa pela candidatura Marina Silva, estará melhor representada".

Apesar disso, o texto é bastante crítico ao PT e ao PSDB.

"Nenhum dos caminhos aponta para uma saída política de profundidade, capaz de reduzir as desigualdades sociais promovendo a plena cidadania através de um novo padrão de relações econômicas, sociais, culturais e políticas, baseadas na qualidade de vida e na sustentabilidade", diz o texto, acrescentando: "A Rede Sustentabilidade, ao mesmo tempo que saúda e respeita o desejo de mudança, tem o dever de reconhecer que a sociedade brasileira não encontrou ainda o caminho, as condições e o tempo de realizá-la. Em nossa democracia, a estrutura política e partidária brasileira impediu, mais uma vez, a realização dessa afirmação histórica."

O PSB se reúne na manhã desta quinta, em Brasília, com os partidos que compuseram a coligação de Marina Silva.

De acordo com Feldman, Marina irá receber a decisão tomada por cada partido e, nesta quinta ainda, ou no máximo, até amanhã, pode anunciar a sua decisão. Decisão essa, como lembrou, que não necessariamente seguirá a mesma lógica aprovada pela Rede.


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