Folha de S. Paulo


Aécio pede que Dilma faça 'campanha limpa'

Em ato político que reuniu nomes do PSDB e partidos aliados, o candidato Aécio Neves (PSDB) disse que vai fazer uma campanha "limpa" até o segundo turno da disputa à Presidência da República. O tucano pediu que sua adversária, a presidente Dilma Rousseff, faça uma campanha de "alto nível" sem dividir o Brasil "entre nós e eles" e disse não vai se "acovardar com ataques menores".

"O que eu digo é que estou pronto para fazer uma campanha política à altura do desenvolvimento do país. Falando a verdade, não me acovardando com ataques menores. Mas eu responderei a cada ataque com uma proposta para melhorar a educação dos brasileiros, a saúde dos brasileiros, para enfrentar a criminalidade", disse.

Em entrevista antes do evento, Aécio afirmou que "não trata um adversário como um inimigo a ser abatido" e que está "em campanha, não em guerra". "Não permitiremos que essa campanha se apequene", afirmou.

O PSDB escolheu o Memorial JK, em Brasília, para realizar o ato político. O local abriga os restos mortais do ex-presidente Juscelino Kubitschek, além de ser um museu em homenagem ao ex-presidente. Aécio disse que vai fazer sua campanha inspirados em "homens públicos" como JK.

Sobre sua derrota em Minas Gerais no primeiro turno, Estado que governou por duas vezes, Aécio disse que sua estratégia até o segundo turno será "vencer no Brasil". "Eu deixei o governo com o apoio de mais de 80% da população. Vamos aguardar os resultados. A minha estratégia é vencer no Brasil. Não serei presidente de um Estado da federação."

O tucano prometeu dedicar "parcela extremamente importante" de sua campanha ao Nordeste, onde a presidente Dilma Rousseff teve votação expressiva no primeiro turno das eleições.

Em discurso para os aliados, Aécio disse que não é mais candidato do PSDB à Presidência, mas de "uma ampla coligação que nos trouxe até aqui". "Sou a partir deste instante, por decisão majoritária da população brasileira, o representante da esperança, da mudança, de valores e eficiência na máquina pública."

Aécio disse que as "diferenças" entre os partidos que o apoiam não superam as convergências, especialmente a vontade de "encerrar esse ciclo de governo, que reconcilia os brasileiros com o seu próprio futuro".

MARINA

Aécio disse que vai esperar a decisão do PSB sobre o eventual apoio à sua candidatura sem interferir na decisão da sigla, mas afirmou que "questões essenciais" o aproximam da ex-senadora Marina Silva (PSB) –derrotada no primeiro turno à Presidência.

"No fundo, as questões essenciais nos aproximam, não nos separam. Vamos aguardar que os outros partidos tenham seu tempo para tomar a sua decisão. A minha candidatura interpreta o sentimento de mudança."

Em entrevista, Aécio defendeu programas que foram apresentados pela candidata do PSB no primeiro turno, como o Escola em Tempo Integral e o Projeto de Sustentabilidade, num gesto de apoio à sigla de Marina.

O tucano confirmou que já recebeu apoio do PPS, do PSC e do PV, com a adesão dos candidatos Eduardo Jorge (PV) vai apoiá-lo na campanha ao segundo turno. A exemplo de Marina, Eduardo Jorge e Pastor Everaldo (PSC) foram derrotados no primeiro turno.

Everaldo e Eduardo Jorge participaram do ato político do PSDB em Brasília e defenderam o nome do tucano, atacando os aliados de Dilma. "O Aécio representa a verdadeira mudança que esse país está precisando, principalmente o compromisso dele com esse falso terrorismo que disse que ele ia acabar com o Bolsa Familia. Ele tem compromisso com os pobres nesse país. Conte comigo, o meu nome é Aécio Neves", disse Pastor Everaldo.

REELEIÇÃO

Aécio voltou a defender mandato de cinco anos para presidente da República, sem possibilidade de reeleição, mas não deixou claro se pretende abrir mão do direito de ser reeleger à Presidência se for eleito.
"Essa é uma questão secundária hoje. Não é um ato unilateral. O momento é o Congresso que vai decidir."

O tema reeleição voltou à tona na campanha, depois que Marina teria condicionado seu apoio à chapa de Aécio desde que o tucano se manifeste ao contrário da possibilidade de reeleição.


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