Folha de S. Paulo


Marina quer aceno tucano a MST e índios para apoiar Aécio

Terceira colocada na disputa pela Presidência da República, com 21% dos votos válidos, Marina Silva (PSB) bateu o martelo sobre as condições que determinarão seu apoio a Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições: o tucano precisa fazer um aceno à esquerda, principalmente aos movimentos sociais.

Reunida com aliados há três dias no apartamento em que costuma se hospedar na zona sul de São Paulo, Marina definiu que a reforma agrária e o comprometimento com os índios e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra figuram entre as prioridades para que seu apoio a Aécio seja público.

A ex-senadora disse a interlocutores que precisa ser "convencida" de que a candidatura do PSDB firmará compromissos com segmentos da sociedade que votaram nela em 2010 e em 2014. Para isso, espera o contato do tucano.

"Marina não vai ao encontro de Aécio. Ele que precisa ir ao encontro dela", disse um dos principais assessores da pessebista.

A ex-candidata ao Palácio do Planalto espera que o tucano procure a ela ou a seus assessores para entender as exigências que coloca à mesa para finalmente firmar a aliança e que dê sinais públicos de que fará flexões à esquerda.

Nas áreas de economia e relações exteriores, por exemplo, o programa de governo de Marina é bastante liberal, como o de Aécio. Outros temas que foram destacados por ela como fundamentais para a aproximação –reforma política com o fim da reeleição, sustentabilidade e educação em tempo integral– já estão contemplados no plano da candidatura tucana.

Marina e Aécio não conversam desde segunda-feira (6), quando a ex-senadora telefonou ao tucano e à presidente Dilma Rousseff (PT) e os parabenizou pelos resultados na disputa. Não falaram sobre um eventual apoio.

FORMATO

Fora do segundo turno, Marina tenta construir um discurso coerente com a postura de "nova política" que defendeu durante toda a campanha. Por isso, exigirá que o tucano se comprometa pessoalmente com temas como a demarcação de terras indígenas, mantendo o poder da Funai, e a reforma agrária, com assentamentos populares. O projeto do PSDB é historicamente pouco identificado com essas questões.

Dessa forma, Marina acredita que não será cobrada por eventuais promessas não cumpridas. Aliados da ex-senadora afirmam que Aécio não precisará conversar in loco com todos os segmentos. "Pode mandar representantes e endossar o compromisso em seu programa de TV", afirma um assessor da pessebista.

Nesta quarta-feira (8), Marina participa de uma reunião por teleconferência com a direção nacional da Rede, seu grupo político, composta por 120 integrantes, para discutir a posição tomada na reunião da Executiva, na terça (7).

Na ocasião, os 24 membros da instância decidiram pela "mudança qualificada" e a "não continuidade do governo atual", dando o aval a Marina para fechar com Aécio. Também nesta quarta, a Executiva do PSB se reúne em Brasília para definir a posição do partido no segundo turno. A tendência é pró-Aécio.

Na quinta-feira (9), Marina, PSB e os outros partidos da coligação –PPS, PHS, PPL, PRP e PSL– fazem uma reunião para fechar a decisão. Marina quer construir o consenso em torno do nome de Aécio para que seu pronunciamento público em favor do tucano não seja imprescindível após a reunião. Caso não haja acordo, já disse que tomara posição individual.


Endereço da página:

Links no texto: