Folha de S. Paulo


Novos governadores terão de buscar apoio

Mais da metade dos governadores eleitos no domingo (5) terá de negociar com o Legislativo para conseguir aprovar projetos de seu interesse.

Sete dos 13 governadores definidos no primeiro turno saem das urnas, por ora, sem maioria nas Assembleias. Terão de buscar agora apoio de deputados eleitos que defenderam rivais na campanha.

Entre os seis governadores eleitos que já obtiveram maioria no Legislativo, quatro foram reeleitos (SP, PR, SE e SC) e dois eram candidatos governistas (BA e PE).

No Maranhão, a corrida para garantir adesões começou já no domingo, na festa da vitória do eleito Flávio Dino (PC do B). O comunista venceu com 63% dos votos, mas sua coligação elegeu só 13 dos 42 deputados estaduais, resultado que até agora lhe dá a menor bancada entre os eleitos no primeiro turno: 31%.

Editoria de Arte/Folhapress

Os coordenadores da campanha de Dino dizem contar com ao menos três adesões extras, de deputados que se coligaram ao adversário Lobão Filho (PMDB), mas já declaravam voto no PC do B.

O presidente do partido no Estado, Márcio Jerry, diz que já procurou 30 deputados eleitos. "Só não falei com os que são mais arraigados do lado de lá", disse, em referência ao grupo político do senador José Sarney (PMDB-AP).

Em Minas, dos 77 deputados eleitos, só 26 são da coligação do governador eleito Fernando Pimentel (PT). Pimentel escalou o vice, Antônio Andrade (PMDB), para a articulação na Assembleia e disse já haver acenos de apoio.

"Não estamos preocupados, porque muitos deputados eleitos que não marcharam conosco em razão dos arranjos partidários locais já manifestaram desejo de apoiar o nosso governo", disse Pimentel na segunda (6).

Ainda terão de buscar maioria os governadores de Mato Grosso, Espírito Santo, Piauí, Alagoas e Tocantins.

Exemplo oposto é o de Pernambuco, onde Paulo Câmara (PSB) foi eleito com 21 partidos em sua coligação e terá 35 dos 49 deputados (71%).

Em São Paulo, o governador reeleito Geraldo Alckmin (PSDB) conseguiu ampliar a base de 65 para 73 deputados.

Para o cientista político Marco Antonio Teixeira (FGV), num Legislativo de maioria governista, os principais projetos aprovados são de autoria do Executivo, o que pode ameaçar a autonomia. "O risco é a Assembleia se tornar uma casa homologatória, e não de discussão de projetos."

CONFIRA AQUI AS MUDANÇAS NAS ASSEMBLEIAS DESDE 1986

Colaboraram PAULO PEIXOTO, de Belo Horizonte, JOÃO PEDRO PITOMBO, de Salvador, e DIÓGENES CAMPANHA, enviado especial a São Luís


Endereço da página:

Links no texto: