Folha de S. Paulo


Separatismo marca a divisão do eleitorado na eleição no Pará

Assunto que ficou em segundo plano na maior parte da campanha no Pará, o separatismo foi o fiel da balança na eleição deste domingo (5).

As cidades que formariam os Estados de Tapajós e Carajás, proposta vetada em plebiscito de 2011, deram uma vitória esmagadora a Helder Barbalho (PMDB), cujo candidato a vice encabeça a luta pela divisão territorial no Pará.

O atual governador, Simão Jatene (PSDB), uma das principais vozes contrárias à divisão durante a campanha do plebiscito, equilibrou a disputa e forçou o segundo turno ao vencer com sobras em Belém e região metropolitana, onde o eleitorado votou em peso contra a separação.

A votação deste domingo foi apertada, e o segundo turno só foi confirmado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por volta das 23h.

Helder, filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), obteve 49,88% dos votos, 50,5 mil votos a mais do que o atual governador, que alcançou 48,48%.

CONTROVÉRSIA

Durante a maior parte da campanha, Barbalho e Jatene evitaram o tema para não melindrar aliados. Somente na última semana Jatene atacou o adversário nessa trincheira, com peças publicitárias que diziam que Barbalho dividiria o Pará.

Jatene venceu em Belém com 57,10% dos votos. Nas sete cidades da região metropolitana, o tucano obteve 59%, e venceu inclusive em Ananindeua, onde Barbalho foi prefeito por dois mandatos.

Barbalho saiu vitorioso em 21 das 24 cidades que formariam Tapajós, e em 36 das 37 cidades de Carajás. Somando os dois territórios fictícios, Barbalho venceu com 63,9%.

Em Santarém e em Marabá, "capitais" de Tapajós e Carajás, Barbalho teve 69,9% dos votos em cada cidade.

Defender a partilha significaria contrariar o eleitorado da capital e região (30% do total). E encampar a manutenção do atual território desagradaria aos eleitores separatistas de Santarém e Marabá (que concentram 7% do eleitorado estadual).

PMDB x PSDB

"Isso já causou muito mal a esse Estado, e nós temos uma posição clara quanto a isso, aqui, no sul, no nordeste, no oeste. Nós nos precisamos", disse o governador, após o resultado da eleição.

Sobre a discrepância de seu eleitorado pelo Estado, Jatene afirmou que usará o segundo turno para alcançar o interior. "As regiões mais próximas [de Belém] tiveram mais chance de ver mais o que estamos fazendo. Temos agora tempo para mostrar, inclusive nas regiões mais distantes, o quanto estamos fazendo", disse o governador.

Barbalho atribuiu seu baixo desempenho na capital e em Ananindeua, onde foi prefeito duas vezes, ao "uso da máquina" pelo governador.

"A utilização da máquina, com asfalto e cheque moradia de forma ostensiva, às vésperas da eleição, fez com que a disputa ficasse equilibrada. Mas o importante é resultado a nível estadual."

"O resultado das urnas é uma reprovação ao atual gestor. Nós, como oposição, contra a máquina, tivemos uma vitória consagradora."

Em Belém, Helder costuma ser alvo de críticas pela escolha do vice, o deputado Lira Maia (DEM) que ainda tenta ressuscitar a divisão do Pará -apresentou proposta na Câmara para limitar o plebiscito apenas à população dos possíveis novos Estados.


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