Folha de S. Paulo


Derrota surpreende Garotinho no Rio; pesquisas o colocavam no 2º turno

Eram 20h25 deste domingo (5) quando veio a notícia: após uma apuração disputada voto a voto, o candidato do PR ao governo do Rio, o ex-governador Anthony Garotinho estava fora do segundo turno das eleições ao Palácio das Laranjeiras.

O senador Marcelo Crivella (PRB) venceu a disputa por uma diferença de pouco mais de 42.000 votos.

O desânimo observado no rosto do candidato Anthony Garotinho (PR) enquanto votava, na manhã deste domingo, se tornou uma dura realidade com a apuração dos votos e o anúncio da derrota neste primeiro turno das eleições.

Via assessoria, o ex-governador foi econômico: "O povo é soberano, escolheu e eu respeito".

No interior da casa, ao lado da mulher, a prefeita de Campos, Rosinha Matheus, de assessores e de correlegionários, o candidato do PR tentava entender o que havia acontecido na votação. A derrota foi uma surpresa.

Garotinho se baseava nas pesquisas de boca-de-urna do Ibope que garantia a ele 28% das intenções de voto e a Crivella 17%. Pesquisas internas PR também registravam o mesmo percentual para Garotinho com variações sempre entre 28% e 26%. Nunca abaixo disto. O senador Crivella não ultrapassava os 19%, de acordo com levantamentos de Garotinho.

"Eu não esperava o Garotinho fora do segundo turno. Foi uma surpresa, mas não acho que o Garotinho perca força. Não perde e não encolhe. Garotinho vai decidir o segundo turno no Rio e será importante para a eleição presidencial também", afirmou o deputado federal Paulo Feijó, eleito pelo PR.

Segunda mais votada para a Câmara Federal, no Rio, a filha do candidato do PR, Clarissa Garotinho, com 335.061 era esperada na casa da família, no bairro da Lapa, região central de Campos, mas não havia chegado ao local até às 22h.

Do lado de fora da casa da família Garotinho, as reações foram as mais distintas. Após o anúncio da votação, muitos vizinhos ficaram em silêncio. Outros foram para a frente da casa de três andares, pintada de rosa, e olhavam parecendo não acreditar no que havia acontecido.

Uma queima de fogos cortou o silêncio da noite. Logo depois, um carro passou na rua diante da casa. De seu interior, três crianças gritavam: "Garotinho perdeu, Garotinho perdeu".

Alguns correligionários deixaram a casa chorando. Outros entraram numa van sem querer falar com os jornalistas. Um motorista passou, buzinou diante da casa e mostrou um sapato para a residência, numa referência ao candidato do PMDB, o governador Pezão que registrou 40% dos votos.

Logo depois, o mesmo carro vermelho passou novamente pela rua diante da casa de Garotinho. Novamente, do seu interior, se ouviu apenas as vozes das três crianças: "Garotinho perdeu, Garotinho perdeu".


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