Folha de S. Paulo


Derrotado em MG, Pimenta diz que venceria com mais alguns dias de campanha

Derrotado já no primeiro turno pelo petista Fernando Pimentel na disputa pelo governo de Minas, o tucano Pimenta da Veiga afirmou na noite deste domingo (5) que ficou com o sentimento de que, com mais alguns dias de campanha, poderia vencer.

Com mais de 99% dos votos apurados, ele contabilizava 41,95% dos votos válidos ante 52,92% conquistados por Pimentel, que ganhou as eleições no primeiro turno.

"O erro foi que os votos não foram suficientes. Eu não me arrependo de nada. Evidente que quando você olha para trás sempre tem algum ponto que você pensa que poderia fazer melhor. [...] Fica o sentimento que, com mais alguns dias, nós venceríamos", afirmou, na noite deste domingo (5), na porta de um prédio em Belo Horizonte, ao lado da família.

Pimenta disse que se sentiu prejudicado com as pesquisas divulgadas na véspera das eleições, que indicavam uma diferença maior entre ele e Pimentel do que a registrada pelas urnas.

Na noite deste domingo, ele disse que não tem pretenção de disputar outros cargos de imediato, mas que está à disposição do PSDB.

"Vou seguir minha vida sempre integrado ao partido, sempre a disposição do partido e de Minas Gerais. não tenho nenhum desenho de candidatura nem de ação política para qualquer tempo", disse.

Depois que o resultado foi anunciado, Pimenta não foi imediatamente se encontrar com seu principal cabo eleitoral, o presidenciável Aécio Neves (PSDB), que celebrava a ida para o segundo turno em outro bairro da capital mineira.

Os dois se falaram por telefone. "Generosamente ele fez colocações pessoais que não cabe aqui repetir", afirmou Pimenta, sobre a conversa com Aécio.

Na noite deste domingo, Pimenta estava visivelmente abatido e cansado.

Será a primeira vez que o PT vai governar o Estado, colocando um ponto final em 12 anos de gestão do grupo de Aécio –que comandou Minas por duas vezes (2002-2010) e fez seu sucessor, Antonio Anastasia (2010-2014).
Ao contrário de Pimenta, a candidatura de Anastasia ao Senado decolou.

Ele também apontou a morte do presidenciável Eduardo Campos (PSB), que provocou uma reviravolta na campanha pelo Planalto, como um fator que prejudicou sua performance em Minas. A tragédia prejudicou, num primeiro momento, seu principal cabo eleitoral, Aécio.

OTIMISMO DESMEDIDO

Pela manhã, pouco antes de votar em Belo Horizonte, Pimenta dizia que tinha motivos para acreditar que iria para o segundo turno. "Não é descabido [o otimismo para ir ao segundo turno]", disse.

A campanha de Pimenta da Veiga ao governo de Minas foi totalmente vinculada à de Aécio, que, por sua vez, não conseguiu transferir todo seu prestígio no Estado ao amigo.

A escolha de Pimenta foi opção pessoal de Aécio, apesar de o ex-prefeito de BH ter passado os últimos dez anos longe da política.

O adversário do tucano usou isso contra ele, dizendo que ele estava distante de Minas há duas décadas, vivendo em Brasília e Goiás. Pimenta sempre reagia às críticas, alegando ter sido deputado federal e ministro do ex-presidente Fernando Henrique Cardozo (1995-2002) e nunca ter deixado Minas.

O PSDB, por sua vez, realizou uma campanha totalmente anti-PT no último mês, já com Andréa Neves, irmã de Aécio, no comando da comunicação. Ela impôs um tom mais agressivo na reta final da campanha.

"Não foi propriamente um ataque, foi a exposição de algumas informações que era importante o eleitorado ter", justificou Pimenta.


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