Folha de S. Paulo


Petista surpreende na reta final e vence eleição na Bahia

Em uma virada surpreendente, o petista Rui Costa venceu o ex-governador Paulo Souto (DEM) no primeiro turno e será o novo governador da Bahia.

A vitória teve ingredientes semelhantes aos da disputa de 2006, quando o atual governador, Jaques Wagner (PT), também venceu Souto no primeiro turno, após ter ficado atrás nas pesquisas durante toda a campanha.

Rui Costa —que é deputado federal e foi chefe da Casa Civil no governo Wagner— obteve 54,53% dos votos válidos.

João Pedro Pitombo/Folhapress
Rui Costa chega a colégio para votar em Salvador, na manhã deste domingo (5)
Rui Costa chega a colégio para votar em Salvador, na manhã deste domingo (5)

Após liderar as pesquisas durante toda a campanha, Paulo Souto teve 37,39% dos votos. A senadora Lídice da Mata (PSB) veio logo atrás com 6,62%.

A vitória de Costa se deu na esteira de uma bem-sucedida estratégia de vinculação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os governistas também foram beneficiados pela divulgação no horário eleitoral de obras entregues pela gestão de Jaques Wagner, como viadutos, hospitais e adutoras de água.

Do outro lado, os oposicionistas fizeram uma campanha marcada por fortes críticas ao governo do PT, desgastado por greves e pelo aumento nos índices de violência nos últimos oito anos.

Além das críticas ao governo, a candidatura do DEM ampliou alianças, amenizou o discurso e retomou marcas do carlismo —estilo de governar do senador Antônio Carlos Magalhães (1937-2007)— com o "foco na gestão e defesa da Bahia".

A reta final da campanha antes do primeiro turno foi marcada por um acirramento da disputa, com acusações mútuas entre Souto e Costa.

A campanha de Souto explorou amplamente uma reportagem da revista "Veja" que citou Costa como suposto beneficiário de recursos públicos desviados por uma ONG na Bahia.

Os petistas acusavam o ex-governador de praticar uma "velha política", citando o fato de Souto ter ficado com sua imagem na TV congelada por mais de 24h na transmissão de uma afiliada da TV Globo no interior —a TV apontou problema técnico.

MÁGICO?

Para Wagner, a oposição tentou "se enganar ou enganar os outros" ao afirmar que venceria a eleição no primeiro turno.

"As pessoas perguntam se eu sou mágico. Eu não sou mágico, eu trabalho muito. E o trabalho venceu contra a palavra fácil, contra a mentira e contra a leviandade", disse.

O governador eleito agradeceu a confiança dos baianos e prometeu fazer uma governo "ainda melhor" que o de Jaques Wagner.

"Quero trabalhar duro e firme para continuar o processo de inclusão social que começamos a fazer na Bahia", disse Costa, prometendo trabalhar pela reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).

VITÓRIA DE WAGNER

Responsável pela indicação de Costa para a disputa após um turbulento processo interno de escolha, Wagner sai como o principal vitorioso da eleição na Bahia.

Fortalecido por garantir ao PT o quarto maior colégio eleitoral do país, o governador deverá ocupar uma vaga na Esplanada dos Ministérios caso Dilma seja reeleita.

A vitória também fortalece o PT na Bahia, que depois de perder as eleições municipais de 2012 em Salvador e Feira de Santana —as duas maiores cidades do Estado— chegará com mais força nas eleições de 2016.

O resultado também significa uma derrota para o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), principal cabo eleitoral das oposições e articulador da chapa que uniu o DEM e o PSDB ao PMDB.

Wagner (PT) relembrou as eleições de 2006, quando foi eleito de forma surpreendente no primeiro turno, e disse que sempre acreditou na vitória de Costa.

SENADO

Candidato na chapa de Rui Costa, Otto Alencar (PSD), vice-governador do Estado, foi eleito para o Senado. Teve 56% dos votos e superou Geddel Vieira Lima (PMDB), que alcançou 35%.


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