Folha de S. Paulo


Beto Richa é reeleito governador do Paraná

Após uma gestão marcada por crise financeira e uma campanha acirrada no início, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), foi reeleito no primeiro turno das eleições deste domingo (5).

Com 100% das urnas apuradas, o tucano obteve 56% dos votos válidos. Em segundo lugar ficou o ex-governador Roberto Requião (PMDB), com 28%.

A senadora e ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT), uma das apostas do PT para as eleições deste ano, conseguiu 15%.

Já reeleito, Richa declarou que "o melhor está por vir", sobre seu segundo mandato.

Sobre a disputa, Richa disse que enfrentou dois candidatos "muito competitivos", que fizeram uma "campanha impiedosa" contra ele. Especialmente no último mês, o atual governador virou o alvo preferencial dos adversários, que o acusaram de patrocinar infâmias e descumprir promessas.

Richa também afirmou que irá "entrar de cabeça" na campanha de Aécio Neves.

Ele se licenciou do governo na última semana e volta ao cargo nesta segunda (6). Não descarta, porém, a possibilidade de tirar nova licença para reforçar a campanha tucana.

TRAJETÓRIA

O tucano teve um início de campanha conturbado, quando, na última hora, perdeu o apoio do PMDB, que decidiu em junho lançar candidato próprio —que se tornaria seu principal adversário nesta campanha.

Ex-governador por três mandatos, Requião, 73, tem uma verve afiada e protagonizou os debates mais duros com o tucano. Em agosto, chegou a aparecer em empate técnico com Richa na liderança.

O atual governador, porém, fez valer o seu "exército": numa coligação com 17 partidos, Richa tinha pouco mais de 600 candidatos a deputado fazendo campanha para ele, além de dissidentes do próprio PMDB, que apoiavam sua candidatura.

Um de seus principais trunfos foi ter visitado todos os 399 municípios do Paraná como governador. Com isso, diz ter conseguido o apoio de mais de 200 prefeitos, que mobilizam a população local para apoiá-lo.

"Ah, isso ainda faz muita diferença", diz o agente funerário Lorierikson Coelho, 31, morador de Balsa Nova, na região metropolitana de Curitiba. "A cidade gira em torno disso. O pessoal depende da prefeitura para trabalhar."

Obras (e promessas de obras) nos municípios também atraíram eleitores.

REJEIÇÃO BAIXA

Richa também cresceu no flanco da rejeição de seus principais adversários. Era o menos rejeitado na comparação com Requião e Gleisi, segundo o Datafolha.

"Eu voto nele por falta de opção", dizia a representante comercial Fábia Carvalho, 38, na semana passada, em Curitiba. "O Requião não vale dez centavos. A Gleisi está junto com o PT. Então, sobra o Beto."

Ex-prefeito de Curitiba, de onde saiu com aprovação de 84% para disputar o governo, Richa não teve o mesmo desempenho no Estado. Com problemas financeiros, adiou obras e atrasou pagamentos a fornecedores.

Requião, que antecedeu Richa no governo, atacou essas fragilidades, falando em apagão de gestão.

O peemedebista, porém, tinha os mesmos índices de aprovação que o tucano (na casa dos 50%) e não conseguiu convencer o eleitorado de que faria melhor.

Além disso, com décadas de vida pública e inúmeras condenações por danos morais contra adversários, Requião tem uma imagem mais desgastada do que Richa.

GLEISI

A ex-ministra da Casa Civil acabou eclipsada pela disputa entre os dois.

Gleisi era uma das principais apostas do PT para a eleição deste ano. Com 49 anos, tinha uma campanha bastante estruturada e produção de marketing esmerada.

A petista não conseguiu atrair o eleitorado cativo de Requião nem o de Richa. E esbarrou na tradicional resistência do paranaense ao PT, que há duas eleições não dá a vitória aos presidenciáveis do partido no Estado.

Após o resultado, a petista manteve o tom contra Richa. Em nota, pediu que o governador "melhore a gestão do Estado e entregue as promessas feitas em campanha".

Requião, que pela manhã reclamara do pouco tempo de TV e da condição de "inferioridade" em que disputou a eleição, não quis comentar o resultado.

Um dia antes da votação, perguntado por eleitores se estava confiante, o senador respondeu: "Se eu perder, azar do Paraná".

SENADO

Na disputa pelo Senado no Estado, Alvaro Dias (PSDB) foi reeleito, com 77% votos, à frente de Ricardo Gomyde, do PC do B, que teve 13%.


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