Folha de S. Paulo


Petista cresce na reta final e Bahia terá disputa voto a voto

O crescimento do candidato Rui Costa (PT) na reta final da campanha acirrou a disputa pelo governo da Bahia, que promete uma definição voto a voto nas urnas.

Pesquisa Ibope divulgada neste sábado (4) mostra Rui Costa e Paulo Souto (DEM) numericamente empatados, com 46% das intenções de voto válido.

Contratada pela TV Bahia e com margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, a pesquisa mostra pela primeira vez um cenário de empate na eleição baiana, liderada por Souto durante toda a campanha.

Comparado à última pesquisa, levando em conta brancos e nulos, Costa cresceu nove pontos e chegou a 36%, enquanto Souto caiu de 43% para 36%.

A senadora Lídice da Mata (PSB) tem 4%. Marcos Mendes (PSOL), Renata Mallet (PSTU) e Rogério da Luz (PRTB) tem 1% cada.

A expectativa é que a eleição seja definida apenas no segundo turno entre Costa e Souto. Mas a queda das intenções de voto dos outros quatro candidatos aumenta a chance de uma definição já neste domingo (5).

A expectativa dos governistas é que a estrutura de campanha de Costa faça a diferença nessa reta final.

Os petistas esperam repetir 2006, quando Wagner venceu Souto no primeiro turno, após uma arrancada no fim.

"Acredito que a força da militância e o envolvimento de prefeitos aliados e de movimentos sociais vão fazer a diferença", diz o presidente do PT na Bahia, Everaldo Anunciação.

Com R$ 14,6 milhões arrecadados, Costa, 51, tem a campanha ao governo mais cara do país, de acordo com a segunda parcial do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) –o valor é mais do que o dobro da arrecadação de Souto, 70, de R$ 5,6 milhões.

Os aliados de Souto apostam na desvinculação das eleições nacional e estadual para vencer no primeiro turno. E dizem que falta "apoio espontâneo" a Costa.

"O governo tem a máquina, mas não tem apoio dos eleitores. Aquela militância natural do PT, que fazia a diferença, não existe mais", diz José Carlos Aleluia, presidente estadual do DEM.

Para o cientista político Joviniano Neto, da UFBA, o confronto final será entre a tese do alinhamento político com o governo federal, que levaria ao voto em Rui, e o desejo de mudança na Bahia, que fortaleceria Souto.

"Rui tenta nacionalizar a campanha por causa da vantagem de Dilma, mas Souto tenta desvincular o voto nacional do local. Este fator será crucial", diz.

Na Bahia, a presidente Dilma Rousseff tem 52% das preferências, segundo o Ibope. Marina Silva (PSB) tem 23% e Aécio Neves (PSDB), 11%.

POLARIZAÇÃO

A campanha na Bahia também expôs uma briga pelo protagonismo político no Estado entre o governador Wagner e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).

Na política local desde 1990 e com duas gestões (1995-1998 e 2003-2006) no governo, Souto procurou se associar à ideia de renovação.

Para isso, atrelou sua imagem à de ACM Neto para neutralizar a estratégia petista de associá-lo ao passado, quando governou sob liderança do senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007).

O ex-governador também mirou sua atenção no interior, sobretudo no semiárido, num momento em que um terço das cidades baianas está em emergência pela seca.

Do outro lado, diante da baixo índice de aprovação da gestão Wagner (29% de ótimo e bom, segundo o Ibope), Costa buscou ancoragem no ex-presidente Lula, que apareceu em quase todo o horário eleitoral.

Costa também usou seus sete minutos por programa na TV (um a mais que o adversário) para travar uma "batalha numérica" contra Souto, comparando números de governos do DEM e do PT.

O governo petista avançou mais na construção de hospitais, cisternas e na educação profissional. Viu crescer, porém, os índices de violência e teve queda no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

Caso nenhum candidato tenha mais de 50% dos votos válidos, as eleições estaduais na Bahia terão um segundo turno pela segunda vez desde a redemocratização –a primeira foi em 1994, entre Souto e o atual senador João Durval (hoje PDT, à época no PMN).

SENADO

Assim como a disputa pelo governo baiano, a eleição para o Senado também promete uma briga acirrada entre o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) e o vice-governador Otto Alencar (PSD).

A pesquisa Ibope divulgada neste sábado mostra empate técnico entre os candidatos.

Otto Alencar aparece pela primeira vez numericamente na frente, com tem 33% das intenções de voto. O ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) tem 31%

A ex-corregedora do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Eliana Calmon (PSB), tem 5%.


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