Folha de S. Paulo


Aliado de Campos deve vencer eleição no 1º turno em PE, diz Datafolha

De ilustre desconhecido a herdeiro político de Eduardo Campos, Paulo Câmara (PSB), 42, deverá se eleger governador de Pernambuco já no primeiro turno.

Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (4) mostra o ex-secretário estadual da Fazenda com 61% dos votos válidos, cálculo da Justiça Eleitoral na divulgação dos resultados oficiais do pleito.

Para ser eleito no primeiro turno, o candidato deve ter 50% dos votos válidos, mais um voto. No levantamento realizado sexta (3) e sábado (4), o senador Armando Monteiro Neto (PTB), 62, aparece em segundo lugar, com 37%.

Editoria de Arte/Folhapress

Em relação ao levantamento anterior, de quarta (1) e quinta (2), Câmara subiu seis pontos, e Monteiro Neto caiu seis. A margem de erro da pesquisa, feita em parceria com a TV Globo, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Câmara, que começou a campanha com 13% nas pesquisas, disparou a partir de meados de agosto, com o início da propaganda eleitoral no rádio e na TV e, principalmente, após a morte de Campos em um acidente aéreo.

Por outro lado, Monteiro Neto, ex-presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), despencou no mesmo período. Na largada da campanha ele tinha 47%, com a ajuda do apoio de Dilma e do ex-presidente Lula.

Fotomontagem
Os candidatos Paulo Câmara (PSB) e Armando Monteiro Neto (PTB)
Os candidatos Paulo Câmara (PSB) e Armando Monteiro Neto (PTB)

O Datafolha ouviu 1.735 eleitores, em 47 municípios do Estado. A pesquisa está registrada na Justiça Eleitoral com os números PE-00044/2014 e 01037/2014.

Num eventual segundo turno, o ex-secretário de Campos também venceria com 61% dos votos válidos, ante 39% de Monteiro Neto.

A CAMPANHA

Empresário, o candidato do PTB começou a campanha tendo de provar que não havia incoerência na união de um "patrão" com o "proletariado" do PT, que, desidratado no Estado desde 2012, perdeu condições de protagonizar o enfrentamento com o escolhido de Campos.

Na disputa municipal de 2012 no Recife, o PT rompeu com o PSB, que lançou candidato próprio e venceu a eleição. O candidato petista terminou em terceiro lugar.

Outro desafio de Monteiro Neto na campanha foi se desassociar de episódios de falências de empresas da família, citados pelo PSB.

Além disso, o petebista se viu obrigado, diante da alta popularidade de Eduardo Campos no Estado, a moderar ataques aos oito anos de gestão do PSB. Tinha 4min49s na propaganda de TV.

Os ataques só engrossaram quando sua vantagem passou a diminuir. A estratégia era tachar Câmara de politicamente inexperiente.

Na reta final, com a vantagem de Dilma na disputa presidencial, Monteiro tirou a presidente da sombra na tentativa de obter voto casado.

Mas o efeito da comoção causada pela morte do ex-governador em um acidente aéreo em 13 de agosto se mostrou forte e duradouro.

"A morte de Eduardo mudou todo o cenário. No caso de Paulo Câmara, foi determinante", diz o cientista político Hely Ferreira, da Universidade Federal de Pernambuco. "Na campanha não houve debate. Houve sessão espírita, porque só se falava em quem já morreu."

Desde o dia da tragédia, Câmara não parou de crescer nas pesquisas. O nome de Campos era evocado a cada discurso e aparição na TV, onde teve 10min37s, graças a uma aliança de 21 partidos.

A família do ex-governador também entrou em cena. Os filhos foram a comícios, e a viúva, Renata, gravou para o guia —como é chamado o programa eleitoral de TV em PE.

Servidor de carreira do Tribunal de Contas do Estado e sem experiência política, Câmara admite que não esperava assumir sem o padrinho.

"Não tinha me preparado para governar Pernambuco sem ter Eduardo ao meu lado, e agora vou me preparar", disse na quinta-feira (2).

SENADO

Na corrida ao Senado, a disputa pela única vaga por Pernambuco marcou uma reviravolta de última hora. Aliado de Campos e de Câmara, o ex-ministro Fernando Bezerra ultrapassou o ex-prefeito do Recife João Paulo, do PT.

Segundo o Datafolha, o candidato do PSB tem 52% dos votos válidos, após avançar nove pontos em menos de uma semana. Já o petista, que liderava a disputa, perdeu nove pontos e agora aparece com 45%.


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