Folha de S. Paulo


Análise: Nanicos animam programa e audiência vai a 19 pontos

Não foi um debate para você", em planos e ideias, como anunciou o âncora William Bonner ao telespectador, no início.

Mas foi um programa agitado, atraente como televisão, quase "reality TV", nem tanto pela atuação dos principais candidatos e sim dos pequenos, para o bem e o mal.

Ajudaram a garantir ótima audiência: a prévia na Grande São Paulo, das 22h52 à 1h17, bateu em 19,2 pontos (cada ponto equivale a 65 mil domicílios).

Já começou com Luciana Genro questionando a própria Globo, na primeira intervenção de candidato. E a cada bloco foram as perguntas e reações dos nanicos que permitiram manter alguma atenção, ao provocarem os três líderes e uns aos outros.

Também por levantarem temas tabus em campanha majoritária, como no caso do direito ao aborto, destacado por Eduardo Jorge.

Do outro lado, logo ficou claro que Dilma Rousseff esforçava-se por esfriar a discussão, quase entorpecida. E que Marina Silva se apresentava defensiva até contra os pequenos.

Dos três, Aécio Neves se soltou mais, ainda que arriscando beirar a arrogância, por exemplo, ao chamar Luciana de "leviana".

A temperatura mais alta foi obtida em parte com um dispositivo inusitado, no formato: os candidatos que se questionavam, a cada nova rodada, falavam um ao outro, cara a cara, o que reforçava o conflito.

Foi assim que os embates seguidos de Luciana e Eduardo com Levy Fidelix se exacerbaram, com temas como homofobia, drogas e o direito ao aborto.

E foi assim, cara a cara, que se evidenciou a cumplicidade sorridente de Aécio com o pastor Everaldo e depois Fidelix, a ponto de levar Bonner a intervir para conter o vexame.

Os nanicos e suas excentricidades garantiram que o sono não chegasse, mas no que importa –a comparação do desempenho do chamado G3– Aécio esteve quase sempre à frente.

Dilma aos poucos ganhou segurança, sobretudo ao reagir quando questionada, mas não dá sinais de que vá alcançar algum dia o profissionalismo político. De todo modo, não perdeu pontos. Marina, tensa do começo ao fim, chegou a transmitir rancor em várias passagens.

Aécio, ajudado pelos dois "escadas" e pela própria experiência política, além da alta nas pesquisas horas antes, pareceu somar pontos até ao elogiar FHC –e arrancar aplausos.


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