Folha de S. Paulo


Delação premiada de ex-diretor da Petrobras inclui benefício à família

O acordo de delação premiada assinado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa inclui cinco familiares dele: a mulher, duas filhas e dois genros. Todos são réus em uma ação penal da Operação Lava Jato sob acusação de tentar destruir provas.

Deflagrada em março pela Polícia Federal, a operação descobriu um esquema de desvio de dinheiro da Petrobras que envolveu Costa, doleiros e fornecedores da estatal. Segundo a PF, uma "organização criminosa" atuava dentro da empresa. Costa é acusado de liderar um esquema que envolvia pagamento de propina a políticos do PP, PT e PMDB e lavagem de dinheiro. O esquema teria movimentado R$ 10 bilhões.

Eles terão benefícios como a possibilidade de cumprir a pena em regime aberto e, em caso de condenação, a troca da pena privativa de liberdade por restrição de direitos. Num exemplo hipotético dessa substituição, o condenado pode fazer trabalhos comunitários em vez de ir para a prisão.

A mulher, as filhas e os genros de Costa são acusados de, enquanto a PF fazia buscas da casa do executivo num condomínio no Rio de Janeiro, em 20 de março deste ano, destruírem e ocultarem documentos que estavam guardados num escritório.

Numa busca posterior, a PF encontrou novos documentos relacionados a contas no exterior, o que poderia gerar um pedido de prisão contra as duas filhas. Foi nesse momento que Costa decidiu fazer, no final de agosto, o acordo de delação premiada, segundo o qual contará o que sabe sobre os esquemas de corrupção na Petrobras em troca de uma pena menor.

Após a homologação do acordo de delação pelo Supremo, Costa foi libertado nesta quarta (1º) e vai ficar em prisão domiciliar no condomínio que mora na Barra da Tijuca, na zona sul do Rio. Ele estava preso desde junho na custódia da Polícia Federal em Curitiba (PR). O executivo se comprometeu a devolver R$ 70 milhões, o que inclui US$ 23 milhões que foram descobertos por autoridades da Suíça.

A Folha revelou na edição desta quinta (2) que o ex-diretor da Petrobras disse no acordo de delação premiada que recebeu US$ 23 milhões (o equivalente hoje a R$ 57 milhões) da Odebrecht em contas secretas na Suíça.

A empreiteira tem o terceiro maior contrato na obra da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, de R$ 1,48 bilhão, em valores de 2010.

A Odebrechet nega com veemência que tenha feito qualquer pagamento a Costa. Segundo a empreiteira, todos os contratos com a Petrobras foram conquistados por meio de licitações.

Editoria de Arte/Folhapress

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