Folha de S. Paulo


Candidatos do PT deixam cor e símbolos do partido em segundo plano

Candidatos a governador pelo PT bem colocados nas pesquisas deixaram em segundo plano a simbologia tradicional do partido para promover uma campanha multicolorida.

Numa reedição do estilo "PT cor de rosa" da campanha do ex-presidente Lula em 2002, nomes como Fernando Pimentel (Minas Gerais), Delcídio Amaral (Mato Grosso do Sul) e Camilo Santana (Ceará) aderiram à estratégia em busca de mais votos.

Líder Minas, Pimentel aboliu a grafia de seu nome em vermelho ou em branco com fundo vermelho. Predomina o azul na campanha –adesivos em vermelho e branco surgiram só na reta final.

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De casaco e camisa azuis, Fernando Pimentel (PT) faz campanha em Minas ao lado do candidato a vice Antônio Andrade (PMDB) e do petista Patrus Ananias, candidato a deputado federal
De casaco e camisa azuis, Fernando Pimentel (PT) faz campanha em Minas ao lado do candidato a vice Antônio Andrade (PMDB) e do petista Patrus Ananias, candidato a deputado federal

A campanha reconhece que o uso de outras cores é intencional. O argumento é que assim o candidato pode angariar o máximo possível de apoio de não petistas.

Datafolha da semana, por exemplo, mostrou que, dos mineiros que se declaram simpatizantes do PSDB, 26% declaram voto em Pimentel.

Outro detalhe no material é que o 13 do PT aparece ao lado do nome do candidato, mas em laranja. O vermelho é usado com mais discrição –apenas a estrela do partido, minúscula, mantém a cor.

A presidente Dilma quase não apareceu no propaganda de TV de Pimentel, e Lula teve aparições concentradas no início da campanha.

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Delcídio em carreata em Caarapó, em 23/09: banner em azul e roupas de cores leves*
Delcídio em carreata em Caarapó, em 23/09: banner em azul e roupas de cores leves

Também na frente em intenções de voto, Delcídio Amaral faz uma campanha assumidamente "light" em Mato Grosso do Sul.

Seu material de campanha é colorido: verde, azul, amarelo, lilás ""e, de vez em quando, vermelho. O carro-chefe não é a estrela do PT, tampouco o 13, mas a letra D.

Nas peças publicitárias, assinadas pelo marqueteiro Duda Mendonça, um D gigante é abraçado por crianças e eleitores sorridentes.

"Ele é um PT novo, moderno", diz a coordenadora da campanha, Sandra Santana.

Em alta no Ceará, a campanha de Camilo Santana aposta no amarelo, cor do Pros, partido dos irmãos Cid e Ciro Gomes, principais fiadores de sua candidatura.

O vermelho aparece apenas em detalhes, como no logo da campanha. Mas o amarelo é o que predomina, como em bandeiras e faixas.

A fuga da iconografia petista reforçou a oposição de uma ala do PT cearense, liderada pela ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins, que critica o papel dos irmãos Gomes na campanha.

"Todas essas escolhas foram feitas sem respeitar o partido. A direção da campanha tem sido do governador Cid Gomes, e não do PT", disse Luizianne recentemente.

Mas há exceções ao PT "light". Um exemplo é Alexandre Padilha, candidato ao governo de São Paulo. Quase sempre de camisa vermelha e buscando ligar sua imagem a do ex-presidente Lula, ele segue na casa dos 10%.

Outro caso é o de Tarso Genro, no Rio Grande do Sul. Em busca da reeleição, ele encampa o vermelho e sua parceria com o governo federal.

Em agosto, o presidente do PT, Rui Falcão, minimizou a opção das campanhas. "Estão procurando polêmica onde não há. A campanha de Dilma usa verde e amarelo e todos sabem que ela é do PT. O que importa é o número 13".

VERMELHO ME CAI BEM

Gleisi Hoffman, também em terceiro na disputa pelo governo do Paraná, com 9% dos votos, é outra que não trocou a cor histórica do partido por um visual "da paz"

O FIEL

Alexandre Padilha (PT), que concorre ao governo de SP, aparece de vermelho em quase todas as campanhas de rua no Estado, onde tem 10% dos votos e está em 3º lugar


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