Folha de S. Paulo


Debate em PE tem ataques a primeiro colocado e bate-boca fora de estúdio

Na dianteira das pesquisas de intenção de voto e com chances de ser eleito já no primeiro turno, o candidato ao governo de Pernambuco Paulo Câmara (PSB) foi o principal alvo das críticas de seus adversários Armando Monteiro Neto (PTB) e Zé Gomes (PSOL) no debate promovido pela Rede Globo na noite desta terça-feira (30).

Os ataques já começaram no primeiro bloco do programa e terminaram em bate-boca fora do estúdio. Gomes questionou a origem de R$ 8 milhões repassados à campanha de Câmara por seu partido.

Câmara não respondeu diretamente e, durante o debate, limitou-se a dizer que todas as doações que recebeu são legais. "Estamos seguindo as regras da legislação eleitoral", afirmou.

Ainda no programa, Zé Gomes desafiou o pessebista a encontrá-lo no TRE-PE (Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco) às 14h desta quarta-feira (1º) para esclarecer as doações, proposta recusada pelo candidato.

Na saída do estúdio, o marqueteiro de Câmara, Edson Barbosa, e o candidato a deputado estadual Edilson Silva (PSOL) bateram boca.

"Estou envergonhado com o PSOL. Oito perguntas para Paulo e duas para Armando. PSOL, a força auxiliar de Armando", disse Barbosa.

"Infelizmente ele não respondeu nenhuma [pergunta]. A gente precisa saber de onde vêm estes R$ 8 milhões. Linha auxiliar uma ova", rebateu Silva.

Último a sair do estúdio, Câmara apareceu somente quando a situação já havia sido contornada.

"Não vou ao TRE porque as informações são públicas e foi prestado conta. Vou disponibilizar para ele o endereço do site [do tribunal] que ele vai encontrar todas as informações lá", afirmou Câmara.

ATAQUES

Armando Monteiro começou o debate criticando o "discurso decorado" de Paulo Câmara. O petebista também pôs em dúvidas promessas do pessebista como a de dobrar o salário dos professores do Estado.

"Você tratou mal os servidores públicos de Pernambuco. Você não tem autoridade para agora fazer proposta para dobrar salário", disse Monteiro.

"Quem não tem experiência na gestão pública não sabe o que está falando", rebateu Câmara.

Além de questionar as doações de campanha, Zé Gomes criticou os indicadores sociais durante a gestão Eduardo Campos (2007-2014), quando Câmara foi secretário das pastas de Turismo, Administração e Fazenda. "O Paulo é a nova cara da velha política de Pernambuco", afirmou o candidato do PSOL.

Já Paulo disse que Monteiro foi guiado pelas pesquisas e que chegou a esconder sua candidata à Presidência, Dilma Rousseff, quando ela não ia bem nos levantamentos.

O pessebista voltou a insinuar que Monteiro tem responsabilidade na falência de empresas da família. "Armando nunca administrou nada no serviço público e o que administrou no setor privado não deu certo", afirmou.

Monteiro insinuou que, eleito governador, teria um melhor trânsito com a presidente Dilma, caso ela seja eleita. O pessebista questionou se seu adversário estava tentando fazer "chantagem" com a declaração.

Câmara começou a campanha atrás de Monteiro. Em agosto, o pessebista tinha 13%, enquanto Monteiro tinha 47%, segundo o Datafolha. No último dia 26, Paulo Câmara já aparecia com 43%, e seu adversário tinha 34%.

A ascensão de Câmara começou logo após a morte do ex-governador Eduardo Campos em um acidente aéreo, em 13 de agosto, na semana anterior ao início do horário eleitoral gratuito na TV. Câmara explorou a tragédia e depois passou a vender-se como "herdeiro" do "legado" de Campos.

Monteiro também abordou a morte de Eduardo Campos na primeira semana na TV. Com a evolução do seu principal adversário, adotou a estratégia do ataque.


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