Folha de S. Paulo


Dilma afirma que seus adversários representam 'retrocesso' e 'aventura'

A cinco dias das eleições, a presidente e candidata do PT, Dilma Rousseff, afirmou nesta terça-feira (30), durante comício no litoral sul paulista, que seus adversários na disputa representam o "retrocesso" e uma "aventura".

Sem citar nominalmente Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB), Dilma disse que, no dia da eleição, os eleitores devem se perguntar: "Eu vou votar pra gente consolidar o que conquistou, avançar e mudar aquilo que for preciso, e fazer mais, ou vou votar pro Brasil ter um retrocesso? Eu vou votar em quem tem experiência de governo ou eu vou votar numa aventura?"

A declaração foi uma referência indireta às duas gestões do PSDB na Presidência da República (1995-98 e 99-2002), e à falta de experiência de Marina em cargos do Executivo.

Dilma fez um comício nesta terça na cidade de Santos, a 72 km de São Paulo. O ato teve início na praça República, de onde a petista seguiu em carro aberto, por cerca de 300 metros, até a praça Mauá.

A agenda desta terça foi o primeiro compromisso oficial da presidente na cidade onde ocorreu, em 13 de agosto, o acidente aéreo que provocou a morte de Eduardo Campos (PSB), então adversário de Dilma na disputa ao Planalto.

No discurso a centenas de militantes, Dilma afirmou que obras realizadas na baixada santista, como VLT e corredor de ônibus, não teriam sido possíveis sem investimento do governo federal.

"É com dinheiro do governo federal que o VLT Santos-São Vicente é feito. Sem o dinheiro do governo federal, não saía o VLT."

Ela também exaltou outros programas federais que são vitrines de seu governo, como Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida e Pronatec.

Rouca, Dilma fez um breve discurso, de aproximadamente oito minutos, e disse que precisaria poupar a voz. Ela não deu entrevista à imprensa.

CAMPANHA

Centenas de militantes vestidos com as cores da campanha e levando bandeiras de Dilma e de candidatos aliados acompanharam o comício em Santos. Muitos chegaram em ônibus que levaram moradores de outras cidades, como São Bernardo do Campo e Praia Grande.

No início do ato, Dilma recebeu de uma mulher um buquê com meia dúzia de rosas vermelhas. A presidente jogou cada uma das flores aos seus simpatizantes, que acompanharam todo o percurso ao lado do carro em que a petista desfilava, entoando jingles da campanha.

No caminho, a presidente acenou ao público, mandou beijos e distribuiu autógrafos. Ela foi recebida com fogos de artifício e chuva de papel picado, e agradeceu às pessoas que a observavam nos prédios fazendo um coração com as mãos.

Alguns militantes conseguiram se aproximar do carro da presidente para entregar bilhetes e presentes, como um cachecol amarelo, um relógio de pulso e um coração de pelúcia.

Durante o discurso de Dilma na praça Mauá, uma mulher que estava no meio da multidão passou mal e desmaiou, mas foi atendida por uma equipe médica e se recuperou em poucos minutos.

Dilma estava acompanhada pelo candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, pelo ministro da Saúde, Alexandre Chioro, e por prefeitos da baixada santista.

No primeiro turno, a petista intensificou as agendas de campanha em São Paulo, reduto eleitoral do PSDB e Estado onde Marina Silva (PSB) lidera as pesquisas de intenção de voto.

BRONCA

Quase no fim do percurso, a picape em que a presidente desfilava seguiu em baixa velocidade, mesmo após se aproximar de uma multidão que aguardava a petista.

Dilma deu tapas na janela do motorista e, com o dedo indicador em riste, chamou a atenção para os militantes que acompanhavam o trajeto, pedindo para reduzir a velocidade.

Em todo o caminho, o carro estava cercado por um cordão de isolamento, levado pela equipe da campanha. Em alguns momentos, o veículo avançava mais rápido que o cordão, provocando empurra-empurra. Ninguém ficou ferido.

PORTO

Do local da concentração do ato, na praça República, era possível ver, na janela de um prédio, um cartaz improvisado com a mensagem: "Dilma, cadê meu porto?".

O prédio é a sede do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de Santos, e a mensagem foi colocada pelo estudante Caio Henrique Pereira, 22, que trabalha como despachante em uma empresa de comércio exterior.

Cobranças sobre promessas não cumpridas pela presidente têm sido feitas nos comícios em cidades paulistas. No último dia 17, em Campinas, o estudante de direito Benedito Pereira Lima, 25, surpreendeu a presidente ao tentar entregar um cartaz onde estava escrito: "Dilma, obrigado pelo trem-bala #ficoulindo".

Nesta terça, em seu discurso durante o comício, Dilma afirmou que a Lei dos Portos, aprovada em seu governo, "manteve os direitos dos trabalhadores portuários", e citou investimentos feitos no porto de Santos.

"Aqui em Santos, por exemplo, estamos investindo pesado nos portos. Estamos fazendo a perimetral da margem direita e da margem esquerda, os píeres, a passagem interior, bem como estamos fazendo derrocagem e dragagem."


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