Sobre um caminhão em Penedo (180 km de Maceió), Renan Filho (PMDB) chama o fotógrafo de sua campanha ao governo de Alagoas.
Aperta-se ao lado do senador Fernando Collor (PTB), estende o braço em direção à câmera e simula registrar uma "selfie".
Na cola do candidato, filho do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), dezenas de picapes de luxo e uma tropa de jovens uniformizados com uma missão: colar adesivos no maior número de casas pelo caminho.
A maior aposta de Renan –e uma das principais do PMDB– nesta eleição caminha para vencer o primeiro turno em Alagoas calcado numa estrutura de trios elétricos, helicópteros, um exército de militantes profissionais e uma rede de apoios articulada pelo pai no interior.
Aos 34 anos, o ex-prefeito de Murici (AL) e deputado federal eleito em 2010 com 140 mil votos pode ser eleito no primeiro turno, segundo Ibope do último dia 11: tem 43% das preferências, ante 26% do senador Biu de Lira (PP).
Renan pai não aparece na propaganda, mas angariou prefeitos e montou uma equipe encorpada para o filho –só no debate da última sexta (28), eram seis assessores no pé do ouvido do candidato.
"O senador [pai] é quem mais me ajuda. Mas a candidatura é fruto do meu trabalho também", disse à Folha Renan Filho, cabeça da coligação de 15 partidos que inclui PT, PSD e PC do B.
Na propaganda de TV, Renan Filho é exibido como bom gestor e líder jovem. A campanha de rua opta pela tática de "terra ocupada", com presença maciça na capital e no interior.
"Não sei dizer o porquê [do voto em Renan]. Acho que é porque ele é o mais falado, o mais popular", dizia a estudante Isabela Ferreira, 18, de Penedo, eleitora de Marina Silva (PSB) e de Heloísa Helena (PSOL) para o Senado.
Placas de Renan Filho com a presidente Dilma são comuns pelo Estado. Biu de Lira tem o PSB na coligação, mas Marina quase não aparece na campanha pepista.
Na manhã de domingo (28), a campanha montou mais uma dessas demonstrações de força na orla de Maceió. Desde cedo, centenas de militantes chegaram da periferia em ônibus, já com bandeiras e cores da campanha, e a diária de R$ 30 no bolso.
Motoqueiros levavam R$ 70 e R$ 30 para a gasolina. Rapazes em bicicletas com som saíam com R$ 20/hora. Renan Filho já gastou R$ 7,9 milhões na campanha, e recebeu R$ 7,5 milhões em doações, de empresas como a JBS (alimentos), OAS e UTC (empreiteiras) e Bradesco.
A receita está próxima, por exemplo, à de Paulo Skaf (PMDB-SP), que faz campanha para uma população 13 vezes maior. E é mais que o dobro do que os R$ 3,6 milhões do rival Biu de Lira (PP).
Lira também tentou mostrar força numa caminhada na orla da capital neste domingo. Mais esvaziado do que o do PMDB, o evento contou com militantes pagos do interior, a R$ 30 a diária.
Renan Filho também avança no vácuo governista no Estado: o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) tem aprovação de apenas 17% e o candidato tucano não passa de 1% nas pesquisas.